o riachense

Quarta,
24 de Abril de 2024
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António Mário Lopes dos Santos

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Falta-nos Uma História de Abril a sério no Natal

 



Recomendo aos políticos que não façam como os de antigamente, os do fascismo salazarista e marcelista, claro. Quando se chegava à época natalícia, davam os trastes velhos de casa por caridade aos pobrezinhos, alguns marcavam um dia para distribuição de esmolas e comida, algumas empresas mais generosas distribuíam prendas aos filhos dos seus empregados numa festa especial, mas faziam orelhas moucas a aumentos de salários e a retribuições mais justas.
Nos tempos conturbados em que a Europa vive, os PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha), são apontados a dedo pelos do Centro e Norte, (Alemanha, França, Holanda, Islândia), como os perdulários de sempre, os que, em vez de desenvolverem a agricultura, o comércio e a indústria, se quedaram pelo investimento perdulário nas obras de encher o olho a papalvos e enriquecer os espertalhucos, usando o dinheiro que não era o seu. A Comunidade Europeia não passava dum euromilhões contínuo, uma torneira aberta de euros que tudo pagava, da frota automóvel do Estado, às auto-estradas encurtando o tempo entre dois pontos, desertificando, contudo, os locais onde sobrevivem seres humanos, aos pareceres a preço de ouro dos grandes escritórios de advogados onde se mistura a família, o partido, o cargo político, a maçonaria, a opus dei, o que mexe os cordelinhos, do ministério, às autarquias, às forças armadas e militarizadas, da igreja à finança, da desinformação manipulada dos media aos serviços secretos, aos land rovers dos subsídios agrícolas às moradias de férias e contas dos offshores dos programas de desenvolvimento e fomento, dos cargos de administração às empresas fictícias ou com sedes noutros países.
É verdade que nunca se roubou tanto em tão pouco e a tudo isto as justiças disseram nada. As leis são tão complexas, que ladrão, ainda por cima banqueiro, político, governante, nunca o é, porque as provas, ou são difíceis, ou se não procuram, ou se guardam nos arquivos da terra do nunca, ou se destroem simplesmente em incêndios milagrosos ou em inundações torrenciais, ou muito mais simplesmente fogem pelos artigos das leis que eles mesmo fizeram com essas finalidades. Por outro lado, a justiça é tão cara, que quem protesta, quem tenta defender o seu direito à dignidade, à verdade, à cidadania, se não desiste e encolhe os ombros e se resigna, se ficar vivo no fim duma maratona judicial, gastos os bens que tem e hipotecado e endividado ao ponto de passar de acusador a réu, por incumprimento das despesas feitas, dê-se por sortudo.
De facto, de entre os PIGS, Portugal não se portou lá muito bem. Não o seu povo, cuja melancolia, resignação e fé milagrosa, sempre o encostaram à parede do medo e da insegurança, temente sempre que a pouca fartura que a democracia lhe trouxe não se desvanecesse no momento seguinte. Mas, ainda por cima, ser o culpado da ladroagem alheia e ter de pagar com o seu sangue e suor a rapinagem que a finança e a banca alemã e francesa (e não só), em nome do respeito dos mercados exigem para emprestarem 100 e receberem 1000, e isto tudo em nome duma lei velha como o mundo, o mais forte vampiriza o mais fraco até à última gota de sangue e depois dá-lhe a bênção para salvação da alma, custa a engolir.
Falta à Europa sê-lo. O centro-direita que a domina maioritariamente não está minimamente preocupado com os direitos sociais dos povos. Interessa-lhes os bens, não o direito à humanidade. Os abutres aí estão, no abocanhar das empresas que os nossos políticos da mesma área, que nos governam, acham por bem desnacionalizar. Vão-se os anéis, vão-se os dedos, emerge em tudo um neo-salazarismo de ameaça e repressão. Será que este povo não percebe que, em nome dos mercados, lhe vão cortar os subsídios, o pôr no desemprego, retirar-lhe o posto médico, a escola, desfazer-lhe o hospital, aumentar-lhe os impostos, cortar-lhe na alimentação, abandoná-lo na doença e na velhice?
Confesso que me custa ouvir os discursos desses políticos a desejar o melhor possível aos portugueses neste período natalício. Lembram-me os discursos televisivos de Salazar e as conversas em família de Marcelo Caetano. É para aí que nos apontam, como uma inevitabilidade.
Mas será?

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Actualizado em ( Quarta, 21 Dezembro 2011 15:49 )  
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