o riachense

Sexta,
29 de Maro de 2024
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Mitos e realidades

 O mito é o nada que é tudo.

O mesmo sol que abre os céus

É um mito brilhante e mudo.

Fernando Pessoa in Ulisses

Mito - narrativa fantástica que pretende explicar a origem e causa das coisas

Realidades - Há atualmente correntes que defendem a teoria da existência de universos paralelos, onde existem realidades ligeiramente diferentes, mas diferentes o suficiente para alterar a história.

Mito - O governo deste retângulo apregoa o princípio do utilizador - pagador, como panaceia para todos os males que enfermam as contas públicas.

Realidade - Como princípio até estou de acordo. O diabo dos princípios é a aplicação prática, a casos concretos.

Mito - As famigeradas Scuts devem ser pagas por quem as utiliza. Porque deve um cidadão deste país, que até não tem automóvel, pagar com os seus impostos uma infra-estrutura que não utiliza?

Dito assim até não parece estranho, ou será que falta aqui algum prato nesta balança?

Realidade 1 - Com a introdução de portagens os utilizadores destas estradas pagarão o custo das mesmas. Logo o “tal” cidadão desautomobilizado não pagará algo que não utilizará. Certo? Errado. O valor das portagens não só não paga a despesa das estradas como aumentou o custo das mesmas. Confuso?

Realidade 2 - As Scuts têm perfil de autoestrada. Certo? Errado. As Scuts Têm de fato duas faixas para cada lado, mas a velocidade base utilizada para o cálculo dos projetos é inferior ao das autoestradas “de fato” da Brisa.

Realidade 3 - As Scuts têm alternativas. Certo? Errado. As Scuts foram construídas para ser “sem custos” logo não houve o cuidado de preservar as estradas pré-existentes, em grande parte do traçado foram construídas “por cima” das anteriores. E porque não houve protestos aquando da construção de estradas sobre estradas? Mesmo os ecologistas acharam correto tal desiderato, pois deste modo o impacto foi bastante minorado e daí não adviria mal aos cidadãos.

Realidade 4 - Pelo menos o dinheiro das portagens servirá para amortizar o montante de impostos a pagar por todos nós. Certo? Errado. O volume de tráfego nestas estradas, nomeadamente na A23, nunca gerará receitas para pagar o valor dos investimentos.

Realidade 5 - Alguém ganhou algo com toda esta história. Certo? Certo. Os fabricantes dos pórticos. Dos dispositivos eletrónicos de matrícula. Os concessionários das Scuts.

Os concessionários das Scuts? Sim, porque antes da introdução de portagens recebiam um determinado valor por cada viatura utilizadora. Com a crise instalada seria previsível uma diminuição do tráfego. Logo o risco para os concessionários estava a chegar ao vermelho. Com esta solução “milagrosa” o risco passou todo para o estado. Onde é que já vi isto?

Mas os governantes são todos atrasados mentais. Certo? Errado, mais uma vez. Nem todos. Alguns, antes de serem do governo trabalhavam e alguns desses até estavam fora da esfera pública. Depois de saírem do governo todos eles são considerados excelentes gestores, tendo por isso à sua espera lugares que nem nos melhores sonhos tinham cabimento.

Realidade 6 - Se os autarcas das zonas de influência das ex-Scuts são todos contra a introdução de portagens porque não apresentaram a demissão em bloco? Deste modo estariam ao lado dos munícipes. Certo? Certo. Mas largar um tacho é algo por definição impossível. Caso estivessem na política para defender princípios, regiões, populações, aí teríamos visto uma demissão em bloco.

Realidade Portuguesa - Para que diabo serviu então a introdução de portagens nas famigeradas Scut?

Simplesmente como taxa moderadora. Tal como na saúde as taxas moderadoras irão acrescentar cerca de 100 milhões de euros aos depauperados cofres do estado, quando o orçamento da saúde é de mais de 3.000 milhões e sempre acima dos 100 milhões de derrapagem, servirão para afastar o mais possível os ricos (leia-se detentores de rendimentos superiores a 600 euros mensais) dos serviços de saúde. Nas Scuts a pagar, o único efeito será o de taxa moderadora. Esse efeito é bem visível, infelizmente, no volume de tráfego que circula diariamente nas mesmas. Digo infelizmente pois assim sobra muito mais para eu pagar com os meus impostos e deste modo o princípio do utilizador - pagador tão caro aos nossos nóveis liberais governantes, não sai do papel...

Actualizado em ( Quarta, 11 Janeiro 2012 12:02 )  
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