o riachense

Quinta,
25 de Abril de 2024
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António Mário Lopes dos Santos

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O problema das pessoas é a falta de memória
Há muito que esperava este desenlace no Centro Hospitalar do Médio Tejo.
E, para que não haja grandes dúvidas, aposto desde já que, a ser eliminado, não é o hospital de Tomar, nem o de Abrantes, mas o de Torres Novas.
Na mais crível das hipóteses, com a entrega ao sector privado, que organizará uma entidade de saúde com parcerias com o Estado, e no qual poderão existir todas e as mais diversas especialidades pagas pelos nossos impostos e para o lucro dos accionistas. Os do grupo Mello ou do Espírito Santo aí estão como exemplo e, desde que a bolsa se abra, recomendam-se. O recente hospital privado de Santarém exemplifica bem que não é a falta de dinheiro para a saúde que dificulta esta, mas antes o conceito da saúde como mercadoria que os governos de Sócrates e o de Passos Coelho transformaram em negócios da sangue, suor e lágrimas, donde foram afastados quaisquer valores sociais e humanos.
Abrantes sempre teve garantido o seu lobby partidário. Basta conhecer os nomes dos políticos do PS ou do PSD que enxamearam anos a fio a Assembleia da República, os departamentos ministeriais, os próprios lugares de ministro. Claro que, sem aquele, Abrantes era o lugar improvável do Centro Hospitalar do Médio Tejo em qualquer estudo científico sobre a implementação da unidade principal. Até hoje ninguém explicou a razões de se tornar, de marginal, num centro, esvaziando o que os estudos técnico-científicos deram ser, sempre, em Torres Novas.
Talvez os seus deputados, secretários de estado, ministros guardem nas suas lojas maçónicas o segredo dessa inusitada opção, que no futuro nunca será senão um despesismo empobrecedor das famílias, uma deslocação forçada de doentes e familiares, para nunca conseguir resolver o que perifericamente é visível: a opção partidocrática, que não respeita nem estudos, nem estatísticas, nem crescimentos populacionais, nem desenvolvimento ambiental, estratégico, ferroviário, rodoviário. Em conclusão, uma farsa e uma fraude, abençoada por ministérios vendidos aos cifrões e não ao sofrimento, acolitados por partidos da misericórdia e da solidariedade da sopa dos pobres e das mortes encomendadas, que até a própria miséria exploram com a sua benevolência e a sua grande compaixão. Gente, que ao menor susto, escolhe os hospitais e clínicas de luxo, pagos com os seguros dos impostos de todos nós.
De facto, a memória falta muito por aqui. E um povo sem memória é um povo manipulado em cada noticiário televisivo.
Os estudos do Dr. Minas nas décadas de oitenta, mais tarde os do Dr. Salvado Sampaio, na década de 90, demonstravam a importância estratégica do Hospital Distrital de Torres Novas numa zona que exercia a sua influência nos concelhos de Alcanena, Entroncamento, Vila Nova da Barquinha, Golegã, Vila Nova de Ourém, mesmo Tomar, e até Fátima, além de sofrer a procura das populações além Tejo, como a Chamusca.
Os nós rodoviários, a ligação da A1 com a A23, a acção conjugada com o serviço dos Bombeiros desses concelhos, garantiram ao Hospital de Torres Novas resultados que só, de forma conscientemente premeditada, foram postos de lado, para servir políticas de saúde absolutamente caciquistas.
Faltou ao concelho de Torres Novas, isso sim, desde que a democracia substituiu o fascismo salazarista e marcelista, gente que tivesse força e influência partidárias, já que nas listas eleitorais legislativas dos partidos, pouco mais que lugares suplentes lhes têm sido propostos para preenchimento e sem nenhuma influência a nível do poder central.
Para mal do seu presente e futuro, não só perdeu nestes 38 anos de democracia, em autarquias do PSD e do PS, centros nevrálgicos, como as das telecomunicações, a sede dos transportes urbanos, como viu corroer-se a sua dimensão industrial, agrícola e comercial, a troco, a partir do Mercado Comum, das feiras do Nersant e das grandes superfícies e dos importadores de quinquilharias provenientes do mão de obra sem quaisquer direitos sindicais ou políticos do mundo chinês e indiano, que terciarizaram uma sociedade que viu gerações a crescer com a ideia de que os ovos nasciam nos frigoríficos e os frangos no Modelo, no Intermarché ou no Pingo Doce.
Abrantes foi impondo o que não tinha. O hospital mastodôntico que alguém oferecera e estava às moscas, foi preenchido com as mesmas orientações que as democracias partidocráticas usam e abusam, para satisfação das clientelas. Se o hospital não tem doentes, obriga-se à força os doentes a usá-lo, em nome da economia e do combate ao desperdício.
Mas, não tenho a menor duvida: Abrantes e Tomar, na zona do Médio Tejo, nunca ultrapassarão o que sempre foram: circuitos fechados no seu próprio umbigo.
É uma asneira, para lhe não chamar pior, o que se está a fazer, em nome dos mercados e da Troika. Mas os rios continuam a correr, mesmo quando lhes querem mudar o leito.
Ao menos, reconheça-se. Essas cidades têm forças políticas com peso nacional, que conseguem fazer recuar ou paralisar as decisões governamentais, coisa que falta a Torres Novas, onde o grande autarca, no intervalo do seu regresso duma prolongada estada em Timor que muito enriqueceu o concelho e da partida para inaugurar um empreendimento da ADIRN em Cabo Verde, da responsabilidade do seu vice-presidente, e onde estancia de forma periódica, (não à custa do seu bolso, que se saiba), veio nesse intervalo entre aeroportos e aviões, considerar necessárias as medidas anunciadas pela administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo, sem que esta subserviência levantasse o menor protesto aos partidos, o seu e os da oposição, representados no executivo e na assembleia.
Percebe-se que Torres Novas ande sempre com a Lena Construções em obras, e tão longe do que já foi e vai perdendo, transformando-se numa terra pífia, maquilhada, reaccionária, antidemocrática, cara e espoliada com mentiras associadas a impostos indirectos e taxas, mas onde já nem se pode morrer no hospital, como defendia o cirurgião Eurico Garrido nos tempos em que aquele fora algo que nos orgulhava, já que, a partir de Março, o governo de Passos Coelho deliberou que se terá de ir, com a aquiescência dos autarcas socialistas ( e não só) morrer a Abrantes.
Se os autarcas, deputados municipais, presidentes e juntas dos partidos que dizem que nos defendem tivessem um pingo de vergonha na cara, demitiam-se, para bem da saúde pública.
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