o riachense

Quarta,
24 de Abril de 2024
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António Mário Lopes dos Santos

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Portugal no seu Melhor

Olho as últimas facturas da EDP e oiço que o preço da electricidade mais cara da Europa vai aumentar e é-me atirada à cara as muitas dezenas de milhões dos lucros anuais da empresa e invade-me, pior que repugnância, uma raiva violenta contra a presidência e governos do meu país, que permitiram um vencimento ao director Mexia de mais de1 milhão de Euros/ano, com tendência a ser aumentado. E sei que este é um exemplo conhecido dos muitos milhares desconhecidos que pululam neste pais.

Leio na imprensa o destino que as petrolíferas têm levado, a gasolina de que necessito para o meu transporte de mais de 20 anos é uma linha dum gráfico em subida crescente, anuncia-se mais aumentos dos produtos petrolíferos, e eu olho para a minha reforma de professor do ensino secundário oficial, que nunca foi actualizada desde 2000, e que ultimamente, levou cortes governamentais, mensais, nos subsídios, nos impostos, no IVA, nas mexidelas do IRS, e tenho absoluta certeza que estamos apenas no início, não só em Portugal, dum retrocesso civilizacional, em nome da grande divindade do capitalismo monopolista e financeiro, e dos seus lacaios políticos e legisladores.
Abro a televisão ou folheio o jornal e as sondagens garantem que os partidos do governo continuam em maioria, o PS no Purgatório em que o meteu Sócrates (Só? Quantos Sócrates e quejandos, e não só do PS, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, transformaram este país numa rebaldaria, num euro milhões contínuo, em que os cargos políticos, sindicais, foram o cartão de maçonarias que levaram ao enriquecimento súbito, ao uso privado dos bens públicos, ante a cumplicidade duma justiça que não só foi e é cega, mas surda e muda, a impotência da fiscalização e bênção da partidocracia parlamentar, que legisla contra um povo, a favor das minorias que lhes dão o milho para as suas contas nos off-shores , os seus cartões de crédito ilimitados, as suas bombas de luxo que nos ultrapassam nas auto-estradas construídas para seus interesses financeiros), as Esquerdas políticas sempre aceites nas razões evidentes e conhecidas do seu protesto, mas com os resultados de sondagem e reais de um dígito, cada vez com mais cabelos brancos e corpos trôpegos, mas sempre imutáveis a princípios de renovação e unidade plural, há vinte e tal anos com os mesmos rostos, as mesmas chefias, as mesmas palavras de ordem, as mesmas divergências sistémicas, as mesmas ambições de manipulação e domínio ideológico, os mesmos paradigmas, os mesmos resultados eleitorais frustrantes.
A primeira página dum periódico publicita que o ex-primeiro ministro, actual estudante de filosofia em Paris, gasta 15 mil Euros por mês. Não sei como se conseguem estes números, mas como se pode ser contra, e ser, em simultâneo, senão por hipocrisia e falta de ética profissional, a favor dos vencimentos dos administradores das empresas públicas e das privadas com o dinheiro dos impostos de quem paga, promovidos por esse ex-primeiro ministro estudante de Platão na Universidade da Sorbonne?
Nada muda em Portugal, sem que mude a Europa.
E se o conservadorismo, naquela e entre nós, é maioritário, num mundo profundamente desigual e assassino para as maiorias cada vez mais empurradas para debaixo das pontes da miséria, do abandono, do desemprego, do suicídio e da solidão, mas também desinteressadas (por medo de perderem o escassíssimo que lhes resta como cartão de sobrevivência) de intervir na reconhecida necessidade de mudança, ou por descrença das opções e dos riscos, ou por uma passividade mediática que subliminarmente corrói a dinâmica, o espírito crítico, a liberdade e a dignidade individual e a solidariedade colectiva, ou porque as lições da história rara e só temporária são favoráveis aos explorados, com exemplos que contradizem todas as boas intenções teóricas, há que redesenhar a escrita do tempo, perceber como um rico cabe sempre no cu da agulha e aos pobres só é garantida a felicidade depois da morte.
A esperança, dizem, é sempre a última coisa a morrer. Suspeito que é mais uma invenção da mentalidade judaico-cristã para que um povo não comece a perceber que qualquer mudança está só nas suas mãos. Mas, com ou sem ela, o que acontece em Portugal, com uma direita cínica, autoritária, gananciosa, já não é apenas a evidência do empobrecimento dum povo, com a bênção da comunidade europeia e da finança americana, a quem de forma farisaica e gordurosamente proteccionista, se lamenta que não reze para que chova, mas a sua manipulação para um contínuo, progressivo e degradante envilecimento. Resigna-te e obedece. O emblema já espreita na lapela dos governantes. O S de Salazar ainda se não dilui das mentes que ainda castra. Nem a sopa dos pobres, e as preces reclamadas do bispo de Beja.
A Europa espirra, Portugal morre de gripe, as vacinas foram para o lixo. Como a democracia? Ou a esperança?
Actualizado em ( Sábado, 24 Março 2012 13:28 )  
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