o riachense

Sexta,
26 de Abril de 2024
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Mária Pombo

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Copo de água
Vem-me à cabeça uma imagem…
Estamos à mesa e temos ainda sumo no copo mas apetece-nos água. E por muito que bebamos o sumo há sempre vestígios dele. Penso que já aconteceu a toda a gente. Eu, pelo menos, não gosto de beber água com o sabor do sumo… fica desagradável, não me sabe bem a água nem bem a sumo nem me satisfaz como eu queria. E por muito que tente, fica sempre uma gotinha para contar a história, para “contaminar” com sabor aquela água que eu pretendia que soubesse apenas a água. Se estiver em casa o que faço é levantar-me e ir lavar o copo à torneira, para que perca aquele sabor antigo do sumo que já bebi e não me apetece mais.
Basicamente foi isto que aconteceu. Precisei de me levantar da mesa e passar o copo por água, para que esta que agora bebo tenha precisamente o sabor que me satisfaz, e não outro qualquer. Precisei de o limpar, de o despoluir daquele sumo, daquele sabor.
Às vezes ficamos ausentes de algo mas essa ausência não é verdadeira; é apenas ausência do mundo para que possamos voltar a ser nós, a sentir-nos nós e a gostar do toque da nossa pele. Neste caso precisei de estar ausente por estar tão cheia do mundo. Precisei de definir prioridades,
dado que não tive braços para chegar a todo o lado, e isso significou vários dias sem escrever para mim, sem me dedicar a mim, sem me prestar atenção. E eu gosto de não me prestar atenção. Mas eu também gosto de ser eu e de me reconhecer no que faço. E preciso de me perder por instantes do mundo que me preenche os dias para escrever estas linhas, que tanto me são queridas.
Não sei se faço falta a este espaço, mas este espaço faz-me falta; fez-me falta durante estes tempos. Porque é nestes momentos em que escrevo que me dou conta de mim, que penso naquilo que têm sido os últimos dias e procuro alguma coisa para contar. E isso faz-me olhar para as coisas de uma forma mais analítica e obriga-me a pensar e a parar. Reparo que precisei de esvaziar o copo para agora poder voltar a enchê-lo e que se não tivesse sido esta lavagem, esta água teria um qualquer sabor que não aquele que eu queria que tivesse, que era tão-somente água e nada mais.

Actualizado em ( Quarta, 20 Fevereiro 2013 23:13 )  
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