o riachense

Sexta,
19 de Abril de 2024
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Os abusos e (da) comunicação social
 
Antes tudo ficava no segredo dos deuses, muitas vezes na intimidade dos lares, escondido, oculto, esquecido. Como se não existisse, para os que desconfiavam ou tinham a certeza.
Hoje a comunicação social ajuda a despertar sensibilidades. Mas hoje também se peca por excesso. Tudo se expõe na praça pública, como se a vida das pessoas fosse uma qualquer invenção televisiva pronta a satisfazer o voyeurismo de muitos, que não se lembram que esmiuçar, equivale a colocar mais dedos nas feridas das vítimas de crimes que indignam profundamente. Vítimas que são crianças a quem os especialistas designam por sobreviventes, tal pode ser o poder destruidor, nas suas vidas, dos abusos de que foram vítimas.
Na vertigem da informação sem ética, em nome do dever de informar e do direito à informação, alguma comunicação social expõe despudoradamente a vida de crianças atropelando direitos seus fundamentais, tais como o de crescerem de forma saudável, defendidas de todo o tipo de agressões, incluindo o da exposição desnecessária e potencialmente traumática de acontecimentos das suas vidas. 
Há muita forma de dar notícias, os jornalistas sabem-no bem. Acaso pensam alguns profissionais da comunicação social, quando redigem certas notícias, como gostariam que elas saíssem se dos seus próprios filhos se tratasse? Podem argumentar que não identificam as vítimas, mas as crianças têm acesso às notícias, e sabem muito bem a quem se referem. É também de mais esse confronto que as devemos defender.
O conceito de ÉTICA ainda não desapareceu definitivamente da nossa civilização. As crianças devem ser protegidas também dos excessos da comunicação social, e todos temos o dever de nos insurgirmos contra os excessos, que não acrescentam nada, que apenas acrescentam sofrimento aos processos já em si profundamente dolorosos. 
Na sociedade contemporânea os indivíduos criaram o hábito de se colocar à volta da vida dos seus semelhantes como se de sucessivas Casas dos Segredos se tratasse. Tornou-se fácil embarcar no princípio que rege alguma comunicação social de não olhar a meios para atingir os fins, ou seja, vender o produto.
Mas não podemos esquecer que as crianças têm direitos que não lhes são apenas reconhecidos pelos tribunais, mas que também devem ser reconhecidos e defendidos por todos nós que acreditamos que o bem-estar e a felicidade das crianças não tem preço, e é mesmo uma mais-valia para a felicidade do conjunto da sociedade, e que expor na comunicação social, desnecessariamente, pormenores das suas vivências dolorosas, em notícias a que as próprias crianças vítimas podem ter acesso, é uma outra forma de abuso sobre as crianças, é uma agressão dupla à sua vida psíquica, à sua personalidade em formação, ao seu presente, ao seu futuro, um atentado à sua própria imagem, ao seu Eu. 
As crianças vítimas de abusos já têm inquietações interiores suficientes, necessitando muitas vezes para além da atenção e desdramatização dos pais, de cuidados terapêuticos. Não venham também os jornais e os voyeures aumentar-lhes as lutas, já desmesuradamente grandes para a sua idade.
Não podemos infelizmente desfazer males já feitos, mas podemos sempre insurgir-nos! 
Actualizado em ( Sexta, 17 Maio 2013 16:09 )  
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