Autárquicas para que vos quero
As épocas de campanha eleitoral são prósperas em disparates. E esta, que agora vivemos, não é excepção.
“Saímos do fundo, estamos a começar a subir a escada”. Afirmou Paulo Portas, esta semana. E eu questiono-me: “Estamos?”. Paulo, perdoa-me a ignorância, se for caso disso. Mas é possível estarmos no bom caminho, com taxas de juro de 7,2 por cento sobre as obrigações do tesouro a dez anos?
O deslize de Paulo Portas valeu-lhe um ‘puxão de orelhas’ do parceiro de coligação. As palavras do líder do CDS-PP, sem surpresas, não agradaram a Pedro Passos Coelho, que teceu críticas àqueles que “criam falsas ilusões de que está tudo resolvido”. O episódio trouxe-me à memória as várias profecias políticas de que foi alvo o país, nos últimos anos. Falo-vos da já velhinha lengalenga do princípio do fim da crise. A mais célebre terá sido a de Manuel Pinho, antigo ministro da Economia de José Sócrates, e que caiu na tentação de balbuciar qualquer coisa como “A crise acabou. Vivemos um momento de viragem”. Estávamos em 2006.
António José Seguro, não tardou a apontar o dedo a Portas: “Só pode dizer isso quem não conhece a realidade do país”. Concordo. Mas será que tu, secretário-geral do PS, a conheces? Tu, que vives uma liderança esvaziada pela falta de ideias? Que perante a impopularidade do Governo, em momento algum, conseguiste afirmar-te como alternativa? Tu, que vives à sombra do teu passado na Juventude Socialista? Bem me queria parecer.
Continuarei atenta à última semana de campanha eleitoral. Sem dela esperar muito mais. Faltam-nos actores políticos. A sério. Falta-nos presente e falta-nos futuro. Falta-nos a esperança. Em compensação, sobram os comentários levianos. E sobra esta forma pouco profissional e altruísta de fazer política.