A bala e a vacina são rasteiras dum povo com má sina
Estava numa de nem sequer abrir o computador. O Outono está aÃ, a chuva anuncia-se súbita e violenta, os temas, desde a ponte é nossa do Arménio Carlos  da CGTP, na sua manifestação turÃstica que, discurso feito, trouxas arrumadas, regressaram aos locais de origem, sem que se soubesse, ao menos, que terras de Portugal lá não foram. Ganhou o ministro da Administração Interna, perdeu um povo cansado de exploração, mas também de manipulação. Depois da ponte, que mais? O sÃmbolo da nacionalidade, o Castelo de Guimarães? A Torre de Belém, com a parte do velho do Restelo, da epopeia camoniana? A decepção de quem regressou deveria merecer um pouco de respeito aos fomentadores das manifestações de interesse partidário.
As eleições autárquicas mostram uma viragem, onde nulos e brancos – já nem falo das abstenções – são um paÃs que todos os partidos têm de ter em atenção. Há mar e mar, dizia o publicitário O’Neiil, no intervalo da poesia, há ir e voltar. Mas nem todos os naufrágios regressam…
Ainda ontem, o dirigente do sindicato da PolÃcia Judiciária avisava da impossibilidade prática de se poder trabalhar nas áreas da investigação criminal, se não há quÃmicos para a análise, por exemplo, dos vestÃgios indiciários no local do crime – penso nos submarinos, como se lá chega? -, nem balas para as armas. Aqui só me resta aconselhar os membros da Judiciária a técnica do Raul Solnado na sua Ida à Guerra. A bala era um boomerang. Presa por uma corda, o disparo fazia retorno do projéctil. Além de ser económico, mata-se menos. A senhora Ministra das Finanças pode bem dispensar-vos uns novelos de guita, a Ministra da Justiça alguma cola da que se usa nas repartições desse ministério para nunca mais se saber das páginas dos processos que envolvem presidentes das Câmaras, figuras públicas, banqueiros, gente grada, que enchem os restaurantes de luxo da capital e do Guincho, pagos a cartões de crédito pagos pelos não frequentadores, das Inspecções Gerais da Administração Interna ou da Inspecção Geral das Finanças, cujos processos não passam de cantigas ao vento, soluções não surgem, denunciados nenhuns, presos zero, corrupção um arco-Ãris da Praia do Nunca, mais uma tese dum doutorado pós-Relvas nestas Universidades, depois de tantos anos depois do 25 de Abril, à medida de quem pode.
Ainda não há muito tempo, gente importante do sector da saúde veio garantir que não faltavam as vacinas nos centros de saúde públicos – não disse de que paÃs. Mas mente-se com a mesma liberalidade com que se comem tremoços e se bebem umas imperiais, ou se limpa a dito rabo com o papel erotizado preto da Renova branca. A mentira é uma arma, ao contrário da cantiga, caro José Mário Branco, e a seringa da vacina é uma mentira pior do que a morte que se predestina. De vários centros que percorri, vacina nicles. Deixe o nome, fica na lista. Para quando? Pergunte a Deus. E se se não é crente? Que passos dar para bater a seguras portas? Quem tem juÃzo pede a receita e vai à farmácia. O ministro e os senhores acima dos 65 anos dos ministérios e dos partidos do arco do poder já estão vacinados. Querem uma aposta? Nas farmácias também falta, mas até ao fim do mês parece … que raio aconteceu à linfa? Foi para os mercados comunitários, a exigência da troika?
Também nesta segunda-feira aos vereadores municipais socialistas visitaram a Biblioteca e Arquivo. Altivos. Distantes. Indiferentes aos utilizadores. Tão seguros da sua insegurança, que não deixei de comentar para os meus companheiros de trabalho: começam mal. Será, pergunto, que, num momento de crise, numa dÃvida enorme municipal, ficarão os quatro a tempo inteiro? Com todas as benesses e alcavalas a que a Câmara socialista anterior se habituou?
Como é que posso aspirar à vacina a que o ministro da saúde me garantiu, se o dinheiro dos meus impostos não chega para tudo?Â
23 de Outubro de 2013Â
António Mário escreve sempre à s quintas-feiras em www.oriachense.ptÂ