o riachense

Sexta,
19 de Abril de 2024
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(I) Os nomes que servem para chamar as pessoas

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Este é o primeiro artigo da rubrica "Somos todos primos", de Carlos Pereira, sobre os apelidos de Riachos. 

Carlos Manuel Pereira 

Quem julga que os apelidos do seu nome têm alguma importância para saber a origem dos seus antepassados, ou a sua eventual relação de parentesco com outras pessoas que usem esses mesmos apelidos, poderá estar, muito provavelmente, enganado. Ao contrário, outros casos há, em que não se suspeitando disso, de facto existem antepassados comuns. Mas então porque é que os apelidos que nós usamos poderão ser assim tão pouco significativos? 
 
Tomemos, por exemplo, o meu sobrenome que diz ser eu Sousa, pelo lado materno, e Pereira, pelo lado paterno. Vamos agora recuar até 1706, ano em que se casaram Manuel Francisco e Maria Pereira (6os avós). Ora, considerando que descendo em linha recta de Manuel Francisco, deveria ter o apelido paterno de Francisco. Porém, o filho Joaquim (5º avô) escolheu ser Joaquim Pereira, talvez por ser o apelido Francisco muito comum para estas bandas, existindo, por exemplo, os Franciscos que usavam as alcunhas de Formigo, Redondo ou Farinha para se distinguirem. Quanto ao apelido Pereira, foi mantido na família desde aí. 
 
Vamos ver agora o que se passou do lado do meu apelido materno. Recuemos até 1669, ano do casamento de António Gomes e Maria Francisca (7os avós). Considerando que o meu avô materno descende em linha recta deste António Gomes, então a minha mãe deveria ter recebido o apelido Gomes que, por sua vez, teria passado para mim. E eu usaria hoje o sobrenome Gomes Francisco (em vez de Sousa Pereira). E já agora podemos ver de onde vem o Sousa. Aquele meu avô António Gomes teve um neto que se chamou José Gomes e que casou com Maria de Sousa em 1770. Este casamento terá sido algo atribulado, dado que ele veio a falecer com apenas 27 anos. Desse casamento nasceu apenas um filho que ficou órfão aos 5 anos e viria a ser conhecido por José de Sousa. Este apelido manteve-se desde então e, por curiosidade, este meu avô foi o antecessor dos Sousas que ficaram conhecidos pela alcunha de Alagôa. 
 
Para além destas mudanças de apelido que ocorriam com frequência, nomeadamente no caso das mulheres que ora usavam o apelido do pai, ora o da mãe, outros casos existem em que os apelidos foram substituídos por alcunhas (Inverno, Chora, Triguinho, Idéia, etc), ou por nomes próprios (Clara, Rito, Luz, Leonor, Santana, Trindade, Maurício, etc), ou pelos nomes dos lugares de origem (Cascão, Arganil, Coimbrão, Barroca, Rainha, etc.). 
Acontece que, desde tempos muito antigos, era costume formar os nomes apenas com o prenome recebido no baptismo e um apelido de família ao qual se juntava, quando era necessário, uma alcunha, uma profissão ou o local de origem da pessoa. No caso dos Riachos, nota-se que a partir do século XVIII os homens, que usavam o apelido do pai em mais de 90% dos casos, passaram a acrescentar, com muita frequência, o apelido da mãe para criarem nomes distintos entre famílias.
 
Esta prática muito antiga na Península Ibérica, levou a que os espanhóis oficializassem esse costume na sua lei do registo civil, dizendo que a seguir ao nome próprio viria o apelido do pai, por ser o mais importante, e o último seria o da mãe. Acontece que em Portugal, a lei do registo civil de 1928, a primeira lei que estabeleceu regras para a formação dos nomes, se impôs contra esse hábito de séculos e mandou que, a seguir aos nomes próprios, se usassem até quatro apelidos, devendo os últimos, ou pelo menos o último, ser do pai. Esta lei levou a que, nos casos dos nossos avôs que usavam apelidos da mãe em último lugar (Rodrigues da Luz, Rodrigues Rito, Sousa Barroso, Chora Barroso, Simões Barroso, Simões Santana, Nunes Maurício), acabassem por transmitir aos filhos não o apelido mais importante da família, que era o que se seguia ao nome próprio, mas o apelido da mãe por ser este o que aparecia em último lugar. E assim aconteceram muitas trocas de apelidos que são o resultado da aplicação incorrecta dessa nova lei e não trocas feitas por se julgarem uns apelidos mais importantes que outros, ao contrário do que muitos julgam. 

Actualizado em ( Quinta, 30 Janeiro 2014 12:52 )  
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