Câmara vai gastar 100 mil euros na feira medieval que tem como temática o episódio medieval mais conhecido dos torrejanos.
Depois de cinco anos em que muita da população torrejana se questionou pela ausência da história do alcaide torrejano nas reconstituições históricas daquele que a Câmara descreve como sendo “o principal momento cultural do ano”, finalmente Gil Paes vai estar na feira medieval de Torres Novas. A quinta edição da feira, que este ano se realiza entre 5 e 8 de Junho, terá como tema “Na senda de Gil Paes, recordando o sacrifício do herói”.
O responsável de conteúdos, Carlos Carreira, revelou na conferência de imprensa de apresentação do evento (via Skype a partir de Timor, onde é agente da cooperação portuguesa), porém, que a reconstituição do célebre episódio da morte do filho do alcaide torrejano Gil Paes às portas do castelo não será feita, uma vez que as regras de segurança não permitem fazê-lo com dignidade. Por isso, as reconstituições históricas programadas vão debruçar-se noutros eventos históricos, acontecidos dois anos depois, em 1375: a visita do rei D. Fernando I às obras de reconstrução da Cerca depois da destruição pelos castelhanos; a tomada de posse do novo alcaide-mor de Torres Novas, em que foi evidenciado o patriotismo do antecessor; e a implementação da lei das Sesmarias, uma ‘reforma agrária’ que visou o relançamento da produção agrícola no reino.
Mas não é só pela temática que esta edição vai ser que mais dirá aos torrejanos. Segundo Stela Rato, administradora da Turrisespaços, são esperados este ano mais voluntários (foram 198 no ano passado) e mais participação das colectividades do concelho. Tendo-se libertado várias das empresas contratadas para o evento por força da redução de custos, haverá um maior recurso às instituições da terra. Continua a haver uma forte presença de profissionais nas encenações, agora maioritariamente portugueses, visto que em Portugal há cada vez mais grupos de teatro e representação de rua, mas a prata da casa vai ser mesmo a base maior do fornecimento de figurantes e actores para os espectáculos, vindos especialmente do Teatro Meia Via, do Teatro de Riachos e do grupo de teatro do Virgínia, que está a produzir o Auto do Físico, mas também através de castings próprios. O Gil Paes já está escolhido, mas ainda falta escolher o rei D. Fernando e a rainha D. Leonor, personagens principais das cenas escolhidas.
Também na vertente de feira em si, a adesão das colectividades tem aumentado desde 2010, o que se vai repetir este ano. Diz a organização que isto resulta do sucesso e da popularidade que as feiras anteriores tiveram a nível local, onde as pessoas se identificam cada vez mais com este projecto que nos dois primeiros anos teve o financiamento do QREN, num programa destinado ao desenvolvimento social e cultural do centro histórico. O factor da mobilização da população local e a atracção dos turistas são os principais critérios de avaliação desta aposta da Câmara e condicionam a sua continuidade.
Apesar da redução de custos para este ano, a Turrisespaços diz que quer ir mais longe nos eventos. A empresa municipal, que organiza o evento em regime de prestação de serviços à Câmara, diz esperar um aumento no número de visitantes, devido à popularidade que o evento já granjeia a nível regional e a uma estratégia de comunicação mais abrangente. A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo também vai este ano dar uma ajuda na divulgação.
O contrato-programa entre a Turrisespaços e a Câmara para a realização da feira tem este ano expresso valores mais baixos do que nas outras edições: em 2013 a feira custou ao município 120 mil euros, em 2014 fica-se pelos 100 mil, mas ao contrário do que acontecia antes, agora as receitas de bilheteira vão para a empresa municipal. Há ainda um aumento no que respeita a patrocinadores e uma maior proximidade com as empresas da região.
As pulseiras compradas com antecedência (serão colocadas à venda em breve) mantêm-se nos três euros e na altura da feira serão seis euros.
