o riachense

Quinta,
25 de Abril de 2024
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Chegam as eleições, esquecem-se os cidadãos

Ao aproximar-se um novo período eleitoral, reinicia-se um novo espectáculo político-partidário.

Da parte do Governo e das forças que o compõem, o coro do desaire transformou-se numa ópera barroca de grande espavento. Os mercados estão rendidos às emissões da divida publica, a Troika regressa esta semana, fala-se já da saída do programa de resgate, numa saída limpa, à inglesa, ou por um programa cautelar, havendo até uma terceira proposta, dum alto funcionário do Banco Central Europeu, duma terceira via, que é uma saída airosa à irlandesa, mas continuando monitorizados, o que significa que as contas públicas continuam sob controlo e nós explorados por uns representantes lusos da direita europeia com um emblema nacionalista na lapela. 

Talvez por isso o cartoonista de O Público, Luís Afonso, ante a venda da banha da cobra dos resultados económicos pelo poder, Portugal está a ser olhado como bom exemplo na Europa, como um caso de sucesso, ironiza: não sei se não deveríamos ir para a rua dar autógrafos aos turistas.

Do PS, Seguro parece-me o trapezista dum circo pobretanas, a ondular sobre uma corda que vários candidatos ao lugar vão sacudindo, para que caia. As alternativas ao governo PSD/CDS vão-se esboroando, com a reverência da social-democracia e do socialismo democrático ao poder do capitalismo globalizador, com casamentos na França, na Holanda, na Alemanha, na Grécia, e na Itália, exemplificando, que assentam num programa comum: proteger os ricos, acabar com os direitos sociais dos remediados e dos pobres, transformá-los em mercadorias ao seu serviço, quer na paz, quer, se necessário, na guerra. Do machado de guerra empunhado em 2012, quando se agitava a necessidade de eleições antecipadas, ficou o cabo de madeira dum «consenso nacional» no rigor das contas, sendo a estratégia orçamental o que os diferencia. Como o rigor das contas é à custa do trabalho, fica-se com Seguro reverente ao capital e, a partir de 2015, a partir das legislativas, a andar de braço dado com o PSD. O elogio do socialista António Vitorino ao livro da laranjista Maria João Avilez sobre Vítor Gaspar, na presença de todo um governo, é meio caminho andado para o casamento que alguns socialistas consideram como o suicídio do seu partido.

Quanto ao Partido Comunista continua incólume, vertical, alternativo, como sempre. Aceita a esquerda, desde que seja ele a decidir os caminhos alternativos. Foi o primeiro a escolher o seu deputado, a apresentá-lo publicamente. Aceite-se ou não o seu monopólio do pensamento ideológico, a sua coerência mantém, contudo, nas populações de que se diz representante, , uma reticência profunda, que é visível nos resultados eleitorais.

Na outra esquerda, a que alguns chamam radical, onde se movem, em nome da democracia, da liberdade, do respeito pelo outro, da solidariedade, os valores dum mundo que nunca conseguiu ultrapassar as veredas tortuosas da utopia, as impossibilidades duma unidade tentada pelo movimento 3D, pelo Livre, com o BE, esbarrou em algo neste partido que fez renegar os seus objectivos fundacionais - a abertura à unidade plural da esquerda. 

Ao assumir que estariam abertas as suas listas aos outros movimentos, eliminou o direito do outro à unidade dum programa comum, a um outro princípio político que superasse a partidocracia em que a ideologia se foi funcionalizando.

As esquerdas vão lançando os argumentos da sua ruptura com o capitalismo na fogueira da sua própria condenação inquisitorial, já que o capital aprendeu há muito que as dissensões ficam em casa, na rua nada os separa. E convergem para o mesmo fim, cada vez mais impantes, não da sua importância, mas da incapacidade manifesta do adversário para lhe barrar a marcha.

As eleições para o Parlamento Europeu, em Maio, não trarão os resultados, à esquerda, desejados. E creio que o BE. Mais do que o PCP, irá sofrer as consequências de ter optado pelo sectarismo partidário, com consequências previsíveis na quebra de confiança da parte de muitos que, à esquerda, viram no seu projecto, um caminho alternativo, de ruptura, com a partidocracia reinante. 

Afinal, a partitura, ao chegar ao palco, foi substituída pelos interesses das capelinhas. 

É pena.

20 de Fevereiro de 2014 

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António Mário escreve sempre às quintas-feiras em www.oriachense.pt 

Actualizado em ( Quinta, 20 Fevereiro 2014 15:55 )  
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