o riachense

Sexta,
26 de Abril de 2024
Tamanho do Texto
  • Increase font size
  • Default font size
  • Decrease font size
Enviar por E-mail Versão para impressão PDF
 
Água é comida

A ingestão de água em qualquer forma é universalmente reconhecida como essencial para a vida humana. Mas normalmente não a consideramos como alimento porque não contém, regra geral, qualquer das substâncias que reconhecemos como nutrientes. Mas, se hoje o seu estatuto permanece ambíguo, no passado foi-o ainda mais, tendo sido considerada ao longo dos séculos como alimento, medicamento, elemento primordial, entidade espiritual ou quase sobrenatural.
 
Acrescentando à reflexão de Einstein, quando este disse que não sabia como seria combatida a terceira guerra mundial, mas sabia como seria combatida a quarta – com paus e pedras – podemos assumir que um dos motivos, se não o principal motivo, para a eclosão de qualquer dessas guerras será o acesso à água.
 
A distribuição desigual da água no planeta representará um papel central na política global dos próximos anos e, em 2030, poderá ser, para além do petróleo, o factor determinante no sucesso económico das nações e na forma como estas se relacionarão entre si.
A distribuição é muito desigual. Repare-se por exemplo no caso da China, com 18% da população mundial e apenas 8% da água do planeta. Ou o do Médio Oriente, que já sofre de sérios problemas de disponibilidade de água e onde se prevê que a população duplique nos próximos 40 anos. Some-se a isto os impactos das alterações climáticas e a gravidade da situação torna-se mais perceptível.
 
Os especialistas prevêem que dentro de duas décadas, a procura por água aumentará 40% em relação aos dias de hoje, e mais de 50% nos países com mais rápido desenvolvimento… mas com países como a Índia, por exemplo, a sofrerem uma desaceleração brutal do seu crescimento, pela falta de água devida à sobre-exploração do seus aquíferos e ao consumo crescente da sua população, e com outros países como o Canadá, o Chile ou a Colômbia a tornarem-se “magnatas da água” graças às suas abundantes reservas de água.
 
Porque não há dúvidas, a água será mais importante que o petróleo… simplesmente porque não há alternativas. Precisamos de água para a vida, precisamos de água para a comida. A agricultura é responsável por cerca de 70% do consumo global de água.
 
Para nós, enquanto indivíduos e comunidade, a gestão da água tornar-se-á uma questão substancial das nossas vidas. A protecção dos recursos hídricos, a redução do consumo e a reutilização da água tornar-se-ão cruciais à nossa sobrevivência e sucesso económico. E esta escassez da água irá atingir-nos na carteira também: o preço da água em todos os sectores da actividade agrícola e industrial, bem como a de utilização doméstica, aumentará exponencialmente. E os donos da água vão com toda a certeza extrair o máximo valor económico possível desse seu bem. Porque a água tem donos. E basta relembrar a vergonhosa e potencialmente criminosa gestão que Espanha está a fazer da água do Tejo para percebermos que a água tem donos…
 
Como bem sabemos e recordamos de tantos e tantos incidentes, por vezes com consequências fatais, entre vizinhos, por força de um ribeiro desviado ou de uma represa pouco solidária, as tensões que esta situação pode criar, levam-me a aceitar que as “guerras da água” serão uma realidade dentro de décadas. Se os caminhos seguidos continuarem a ser os mesmos, o desespero poderá muito bem forçar nações ao conflito armado.
 
E nós, à beira-rio plantados, com a água a entrar-nos pelos olhos adentro quase todos os invernos, nem lhe devotamos um segundo de pensamento. Protestamos contra preços exagerados, permitindo ainda que se regue o alcatrão das rotundas no inverno, que se contaminem os lençóis de água com fertilizantes, pesticidas e descargas industriais selvagens, que não se reutilizem as águas descarregadas das ETAR - pelo simples motivo que as ditas ETAR funcionam mal e porcamente (literalmente).
 
Preocupamo-nos horrores com os Miró do BPN e nem nos preocupamos com Espanha que nos rouba a água que também é nossa e que é fundamental para a nossa vida e para a nossa economia.
 
A água é um bem essencial escasso, e como tal deve ser considerada em todas as fases da sua utilização. Só quando começarmos a definhar de sede é que nos lembraremos desse conceito fundamental, o dos “factores limitantes”. Mas valia a pena pensar nisto. Já. Agora.

Actualizado em ( Quarta, 05 Março 2014 12:56 )  
{highslide type="img" height="200" width="300" event="click" class="" captionText="" positions="top, left" display="show" src="http://www.oriachense.pt/images/capa/capa801.jpg"}Click here {/highslide}

Opinião

 

António Mário Lopes dos Santos

Agarrem-me, senão concorro!

 

João Triguinho Lopes

Uma história de Natal

 

Raquel Carrilho

Trumpalhada Total

 

António Mário Lopes dos Santos

Orçamentos, coisas para político ver?
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária