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"O nosso maior desafio não é continuar, é continuar com força"

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Entrevista a Telma Pereira, a propósito do festival de folclore de Riachos e do futuro d'"Os Camponeses".

Telma Pereira diz que ainda não há sucessor à direcção do rancho, mas depois disso acontecer, o chefe Santana vai continuar a acompanhar de perto a actividade do grupo

Telma Pereira dança há 25 anos no Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Riachos. É quem, nos últimos anos, tem tratado da ‘papelada’ do grupo e é também uma das mais acérrimas defensoras da actividade do grupo. A propósito do 33.º Festival de Folclore, que decorreu no dia 7 de Junho no adro da igreja, tivemos uma conversa com ela. Sobre o festival e sobre os desafios que o Rancho tem pela frente.

Como correu o festival? 
Correu muito bem, até porque havia uma série de eventos na zona no mesmo dia, como a Feira Medieval em Torres Novas, por exemplo. Mas tínhamos o adro cheio, até à escadaria. Nós dançamos três vezes em Riachos nesta semana e foram três ‘casas cheias’. Vieram Ranchos federados, só o Rancho do Cano não é porque fez uma paragem e agora, quando voltou ao activo, ainda não se federou. 

Porque é que o festival esteve interrompido alguns anos?
Por questões logísticas e, principalmente, questões monetárias. O festival acarreta muitas, muitas despesas. Vêm sempre quatro ou cinco grupos a quem temos de dar alimentação, só aí gasta-se imenso dinheiro. O objectivo é continuar, mas vamos ver.

A escolha dos ranchos convidados é feita com base na permuta de actuações?
Sim, não temos forma de pagar cachet a um grupo. Com viagens, mais alimentação, é impensável. Temos pena, mas não conseguimos.

Qual é o balanço que fazes das iniciativas que o Rancho começou a fazer para angariar verbas?
Todas as iniciativas são bem-vindas mas são sempre muito, muito trabalhosas e nem sempre há muita gente para trabalhar. Mas claro que todas as iniciativas são muito positivas, sempre é algum dinheiro que nos ajuda. Mesmo agora com o subsídio da Câmara, não chega para tudo o que necessitamos. Por isso é para continuar [com as iniciativas]. Para calçado, para trajes, para podermos ir fazer actuações a outros sítios... 
Temos vindo a fazer algumas reformas em termos de traje, havia uma série de trajes que estavam em muito mau estado, uma saia mais curta ou um modelo que não seguia à risca como deveria. Temos andado a fazer uma remodelação dos trajes com uma ajuda preciosa do Paulo Serra. Parecem coisas simples e mínimas, mas onde se gasta bastante dinheiro.
 
No 33.º Festival de Folclore dançaram em Riachos os Ranchos de Vale de Açores (Mortágua, na foto), Alviobeira (Tomar), Cano (Sousel) e Arcos de Valdevez
 
Que remodelação é essa?
Ele fez uma série de pesquisas, procurou em tudo o que é antigo, como que uma continuação da pesquisa que nós já tínhamos. Ao longo dos anos os trajes vão-se deteriorando, as pessoas vão arranjando, vão substituindo alguns bordados ou fitas, por exemplo: ‘olha não tenho aqui esta fita, vou pôr outra fita’ e são estas coisas que também precisamos de alterar.

O tema da sucessão da direcção do Rancho já é velho. No entanto, o tempo foi passando e o Joaquim Santana mantém-se no activo. Qual é a tua percepção da situação?
A minha percepção é que é uma coisa que efectivamente é necessária. É o próprio Joaquim Santana que o diz. Que está cansado, que tem problemas de saúde e pessoais. Eu acredito que é mesmo necessário iniciarmos um novo ciclo na vida do Rancho. Nós tivemos este ciclo desde 58 e, obviamente, quem vier a seguir vai iniciar um ciclo completamente diferente. O que não quer dizer que ele [Santana] vá deixar o Rancho, não. Ele vai lá estar a apoiar quem quer que seja. 

Quem é que lhe pode suceder?
Não faço ideia. Se calhar [a situação] vai arrastar-se mais tempo. Agora, nomes não te sei dar, porque realmente não há ninguém em concreto. É uma situação que ele refere muitas vezes e que nós estamos conscientes de que tem de acontecer entretanto.
Seja quem for, não vai ser dentro dos mesmos moldes do Joaquim Santana, porque ele tem outra disponibilidade e fazia praticamente tudo. Claro que uma Direcção serve para trabalhar em conjunto e o director não tem, necessariamente, de ser o ensaiador, por exemplo. Mas realmente é sempre preciso despender muito tempo. 

Nas últimas entrevistas, o Joaquim Santana utilizou muito a expressão “é o grupo que decide”. Há uma gestão mais partilhada das coisas do grupo?
Sempre houve assembleias e os componentes sempre tiveram o direito a voto, isso sempre existiu. Claro que, de há uns anos para cá, tem havido uma preocupação de ‘descarregar os ombros’, de partilhar algumas coisas e algumas decisões.

Faz sentido o Rancho continuar sem ligações directas ao contexto em que nasceu, isto é, pessoas que compreendem o contexto das recolhas?
Faz. Eu gosto muito de acreditar que o Rancho não morrerá se mudar de direcção. Porque acho que seria uma pena que isso acontecesse, ao fim de tantos anos e ao fim de todo o percurso que se conseguiu fazer.
Eu nunca trabalhei no campo, mas quando estou no Rancho estou a recriar uma época antiga. Nós, quando entramos, entramos de cabeça, inserimo-nos naquele contexto e toda a gente sabe que está a representar uma época. E isso não se perde. Por exemplo, das pessoas que lá estão agora contam-se pelos dedos de uma mão as que trabalharam no campo, no entanto todos recriamos aquela época. E tentamos sempre fazê-lo com muito respeito e rigor.

Qual dirias ser o maior desafio do Rancho nos próximos tempos?
Muito sinceramente, o maior desafio é a continuação da actividade. Porque o Rancho está a viver uma crise exterior e interior. A exterior tem a ver com esta crise toda, monetária, estas dificuldades todas que acabam por se reflectir interiormente. E esta questão das sucessões ou não sucessões, e outras questões que nos desgastam e cansam, acabam por fazer com que o maior desafio seja ganhar força e continuar. E com isto não estou a pôr em dúvida que o Rancho vá continuar. É complicado, mas o nosso maior desafio não é continuar, é continuar com força.

Actualizado em ( Segunda, 30 Junho 2014 14:32 )  
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