o riachense

Sábado,
20 de Abril de 2024
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A corrida de Paco Velásquez

A corrida de apresentação do matador de touros Paco Velásquez fica para a história das nossas memórias. Não por ter sido uma excepcional corrida de touros mas por resumir a história de um moço, Francisco Pescador, que sempre desejou ser toureiro. Cedo se lançou à vida. Calcorreou milhares de quilómetros na busca da oportunidade de aprender a arte de tourear. Do outro lado do Atlântico, no México, conheceu o êxito e aí se doutorou como matador de touros.

A apresentação na terra natal tinha o ingrediente de conhecer o trigésimo nono matador de touros português, Paco Velásquez e a singularidade deste jovem, mas já com uma longa história de vida, riachense.

A corrida de touros do passado dia 26 começou bastante mal com um touro de Paulino da Cunha e Silva com muitas limitações físicas. Devia ter sido retirado mas a direcção assim não o entendeu e António Ribeiro Telles limitou-se a cumprir a lide, que mais não podia fazer. Tirando este incidente, a corrida mudou de figura. O segundo touro de Manuel Veiga que calhou a António Telles saiu bastante bom e aí o cavaleiro já pôde demonstrar o poder do seu toureio clássico, a entrega e a verdade que imprime em todas as suas lides. Toureie ele em praças de primeira e com os cavalos craques, ou em praças de terceira e com os cavalos novos da sua quadra. 

Duarte Pinto foi o segundo cavaleiro a fazer parte do cartel. Mais um jovem a beber dos ensinamentos de seu pai, Emídio Pinto, e a praticar um toureio igualmente clássico com uma abordagem direita para os touros e sem números de circo que os jovens toureiros hoje tanto gostam de fazer por essas praças. Lidou um touro de Paulino da Cunha e Silva e outro de Manuel Veiga, ambos de boa nota.

A completar o toureio a cavalo, não podiam faltar os forcados. Neste caso, o Grupo de Forcados Amadores de Riachos. As pegas ficaram exclusivamente a cargo do nosso grupo e, diga-se de passagem, muito bem empregues. Pegaram Luís Azevedo, João Paulo Branco, Carlos Branco (cabo) e Nuno Matos, todos à primeira. O grupo apresentou-se coeso. Usou de algumas cautelas nas primeiras ajudas, o que pode ter tirado algum brilho às pegas, mas é uma situação perfeitamente admissível. Estavam num dia de grande responsabilidade e perante o seu público e era preferível que fizessem tudo bem. E foi isso mesmo que aconteceu. Demonstram que sabem o que estão a fazer e, por isso, merecem que lhes sejam dadas mais oportunidades e ser admitidos na Associação Nacional de Grupos de Forcados, para assim poderem repartir cartel com outros grupos de forcados.  

Nesta corrida, o público estava ali, de facto, para ver Paco Velásquez. Ao jovem matador saiu um primeiro toiro de Paulo Caetano que tinha os seus predicados de malandrote. Paco recebeu-o bem no capote mas não evitou uma queda que podia ter tido graves consequências já que o toureiro ficou completamente submetido. Episódio que se viria a repetir instantes depois com o bandarilheiro. Paco acabou por dar a volta a este touro com uma lide correcta e sem facilitar perante um touro com pouco recorrido e a procurar mais o toureiro que o engano.

Estava reservado para o final da corrida o que viria a ser o melhor touro, enviado por Paulo Caetano. Cedo Paco se apercebeu da qualidade de investida e da nobreza deste touro. E aqui sim, Paco esteve com gosto e com classe no capote. Com a muleta desenvolveu toda a sua arte que aprendeu longe dos nossos olhares. Teve passes de muita classe que só os eleitos sabem interpretar. Dominou por completo com um toureio variado e sentido de lide que fez crescer a acometida do touro. Acabou de joelhos frente ao hastado e com o público completamente rendido perante o seu novo matador de touros.

Paco reconheceu que o seu triunfo se deveu também à qualidade do touro de Paulo Caetano e por isso chamou o ganadeiro à praça, o qual foi representado pelo seu filho João Moura Caetano. Chegava ao fim a festa e o público levava em ombros Paco Velásquez. Não era obrigação ou etiqueta. Pelo que fez, mereceu mesmo a saída em ombros.

Era bom que os nossos empresários deixassem de maltratar os nossos matadores de touros. Os poucos que estão no activo têm de sair do País para poderem tourear, quando aqui temos público ávido de ver toureio apeado. Daqui para a frente, só podemos desejar ao Paco Velásquez muita sorte e poder desfrutar de outras tardes de classe, de arte e emoção.

 

Actualizado em ( Quarta, 06 Agosto 2014 15:29 )  
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