É a segunda descoberta arqueológica de interesse elevado na cidade de Torres Novas em poucos meses, depois dos esqueletos do tempo das invasões napoleónicas encontrados debaixo da Praça do Peixe.
Uma necrópole pré-histórica, datada de há 4500 anos, foi revelada em Outubro, durante as obras do antigo Convento do Carmo, que o vão transformar nos futuros Paços do Concelho. Segundo disse à agência Lusa António Faustino Carvalho, que dirigiu as escavações, as ossadas humanas de uma provável família (tudo indica que a gruta artificial construída na Idade do Cobre, um “hipogeu calcolítico”, era um jazigo familiar) são de uma dúzia de pessoas, entre as quais uma criança com três ou quatro anos, dois com menos de 16 anos e pelo menos dois com 40 anos, já idosos para a altura.
Junto aos corpos foram encontradas 15 peças em ouro “muito bem conservadas”, entre os quais um anel e outros adornos, assim como conchas marinhas decoradas, o que leva António Carvalho a concluir que seria um “grupo de elite”. Também foram encontradas duas adagas e alfinetes de cabelo em cobre e recipientes em cerâmica.
Este foi um achado de “um grande valor patrimonial e científico”, dado que este tipo de sítio arqueológico só tinha sido encontrado nas zonas de Lisboa e Setúbal, e foi o primeiro a ser descoberto desde os anos 1930”.
A empresa torrejana de arqueologia Crivarque deparou-se com a descoberta enquanto acompanhava as obras no antigo Convento do Carmo, onde anteriormente já tinham sido descobertos enterramentos humanos dos séculos XVIII e XIX.
As peças encontradas pertencem ao Estado e serão depositadas no Museu Nacional de Arqueologia, mas António Carvalho quer fazer uma parceria entre a Universidade do Algarve (onde trabalha), o município e a Crivarque para a realização de uma exposição em Torres Novas.
