Sinto-me verde
Viver neste mundoÂ
Não nos sentimos todos mais verdes? Com a nossa consciência ecológica mais tranquila?Â
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Também na doutrina ambiental se vendem indulgências… Podemos ser poluidores natos, consumidores frenéticos, fãs de tudo o que é descartável, amantes do plástico e inconscientes no uso de tecnologia mas vamos pagar os sacos de plástico mais caros da Europa e isso deve-nos valer a remissão dos nossos pecados. Os ecológicos, claro.
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Se juntarmos a esta medida eco… lógica (nómica) o novo imposto (verde!!!) sobre o combustÃvel, vamos poder exigir ao planeta que mantenha as catástrofes resultantes das alterações climáticas – cheias, secas, frio polar, trombas de água e granizo - bem longe de Portugal! Afinal aqui pagam-se impostos verdes!Â
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Ainda em relação aos sacos de plástico é possÃvel mudar hábitos e alertar consciências de outras formas. A educação ambiental costuma ser o caminho encontrado pelas sociedades desenvolvidas.
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Ainda que reconheça que a introdução de um custo no uso de sacos de plástico resulte na moderação do consumo e na alteração de rotinas, dez cêntimos não é moderação, é extorsão! Não se trata de economia sustentável mas economia sustentada… sustentada por impostos. E não vale a pena dizer que só falta tributar o ar que respiramos … pois o ar que se respira dentro da minha casa está sujeito a IMI! O que faltará então tributar?
Se ainda vivêssemos no tempo de Sócrates provavelmente descobrirÃamos um seu amigo dono de uma fábrica de plásticos.
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Ainda em relação ao imposto verde sobre o combustÃvel… Qual é o seu objectivo? Também pretende mudar rotinas e hábitos? Diminuir ou dissuadir o consumo? Com que alternativa? Apanho o metro para fazer os cinquenta e oito quilómetros que separam a aldeia onde vivo da aldeia onde trabalho? Será que os nossos dirigentes têm noção do que são as acessibilidades e a mobilidade das pessoas que vivem e trabalham em meios pequenos no interior do paÃs? Transportes públicos?! E o incentivo à compra de carros elétricos? Isso sim seria mais dissuasor do consumo fóssil. Não me atirem terra para os olhos, diria Jorge Jesus. Eu digo que não usem pretextos sérios que exigem reflexão e medidas consubstanciadas para arranjar subterfúgios, formas de tapar buracos e arranjar dinheiro à pressa para compensar as cedências que farão em ano de eleições.