Quando iniciou o seu sexto mandato como vereador da Câmara Municipal de Torres Novas, em Outubro de 2013, Pedro Ferreira (PS) era o único político há tanto tempo no activo como Carlos Tomé, com vinte anos de vida autárquica. Mais nenhum político eleito em Torres Novas desempenhou funções durante tanto tempo.
Após a sua reeleição nesse ano pela CDU, Tomé apenas desempenhou funções durante três meses, tendo depois passado o testemunho a Filipa Rodrigues, a número dois da candidatura da CDU. Atingido o limite de duas suspensões temporárias, de seis meses cada, Carlos Tomé veio agora renunciar formalmente ao seu mandato, encerrando esta faceta da sua actividade política.
Para a história ficam muitos episódios de debate com António Rodrigues, mais de confronto político, contestação e denúncia às apostas socialistas do que de cedências e acordos, registando-se também algumas destas situações, principalmente no início, quando Tomé chegou a ter um pelouro na vereação. Passando em revista as últimas décadas, Carlos Tomé foi o principal rosto da oposição e do escrutínio político na autarquia torrejana, contribuindo de forma indelével para a discussão pública de temas tantas vezes sensíveis que atravessaram quatro mandatos de maioria absoluta do PS.
Na reunião de Câmara de 3 de Fevereiro, descentralizada na Brogueira, Pedro Ferreira chamou-lhe o “eterno vereador” e elogiou a sua actuação ao longo de “vinte anos de convivência, em que não fomos coincidentes nas ideias mas fomos sempre coincidentes numa coisa: o objectivo de melhorar o nosso concelho”, disse o presidente da Câmara.
Helena Pinto, vereadora do Bloco de Esquerda, que esteve pouco tempo no executivo com Tomé, sublinhou “o espírito de colaboração e solidariedade” demonstrado por Tomé para consigo, recém-chegada para reforçar a oposição.
“Exerceu o mandato com coerência e dignidade, colocando sempre os interesses do município e das populações em primeiro lugar, sem qualquer benefício pessoal (…) deu o melhor de si na dignificação do poder local democrático”, diz, por sua vez, o agradecimento público emitido pela CDU de Torres Novas, segundo a qual Carlos Tomé continuará na CDU “a contribuir com o seu saber e experiência para que sejam alcançados os valores de Abril, por que tem lutado ao longo dos anos”.