Qual seria o resultado de um referendo em Riachos, parecido com o que foi feito na Grécia, que perguntasse aos eleitores se a Junta deveria aceitar a proposta da Câmara para a delegação de competências à freguesia? Como se diriam em “riachês” o oxi e o nai com que teríamos que responder a essa pergunta?
Por um lado, nos “cornos do boi” ficaria a Junta se assinasse, porque a responsabilidade pelo desleixo da freguesia ser-lhe-ia atribuída, como habitualmente já é, mesmo sem as tais delegações. Por outro lado, Riachos teria um problema como a Grécia tem no tratamento com a Europa: a Câmara nunca iria ceder a Riachos aquilo que não cedeu às outras Juntas (ainda que maioritariamente do PS). A Junta riachense até tem as contas relativamente sãs (com qualquer coisa como 50 mil euros no banco), ao contrário dos gregos, mas deveria descapitalizar-se para fazer a manutenção nos espaços municipais, enquanto não há acordo?
Mais confiança na boa-vontade da Câmara, pediu Pedro Ferreira ao dizer que aos poucos vai-se ajustando as coisas com mais uns tostões. O que deverá fazer, então, o próximo presidente da Junta, eleito daqui a três meses: assinar o acordo que se diz ser (mais) uma demonstração de desprezo por Riachos, ou continuar com o diferendo e deixar que tudo vá ficando, dia a dia, ainda mais degradado? Adia-se mais meio ano a resolução na expectativa de que o orçamento de 2016 traga alguma boa-nova, e para já encolhem-se os ombros e engolem-se os sapos?
Com a intransigência que mostrou desde o início na defesa de uma distribuição mais justa das finanças municipais, logo se propagou em Riachos o paralelo Simas-Astérix. Mas, contrariando a ilusão de Alexandre Simas, parece que o histórico centralismo da cidade não foi ultrapassado com a troca do bigode de Rodrigues pelo bigode de Ferreira, mesmo que este seja mais sorridente.
As opiniões de: