Domingo que vem é dia de eleições. Mais de 40 anos depois do 25 de Abril, a realização de eleições já não é propriamente um momento de grande emoção em Portugal, tendo entrado na rotina da sua vida pública dos portugueses e da sua intervenção polÃtica, ao ponto de se começar, pouco a pouco, a desvalorizar a participação eleitoral, como um gesto com pouco significado para o modo como as nossas vidas decorrem.
Infelizmente, as modas dos tempos e a inconsequência de sucessivos governos para contribuÃrem para uma vida melhor só têm reforçado essa ideia. No entanto, e ainda mais infelizmente, esse alheamento eleitoral tem sido acompanhado pelo enfraquecimento da nossa mobilização cÃvica para uma vida colectiva mais rica e desafiadora, por um desânimo na possibilidade de fazer do mundo um lugar cada vez melhor para vivermos.
Paradoxalmente, isso faz das eleições um momento cada vez mais importante, como uma das poucas oportunidades que ainda nos restam de mostrar que tipo de sociedade queremos para nós e para os nossos filhos e de que modo queremos contribuir para ela. Se pensarmos nas eleições como uma escolha de quem irá mandar em nós ou de quem irá fazer por nós aquilo que nos interessa, então, de facto, talvez seja melhor nem perdermos tempo com elas. Mas se as encararmos como a tal oportunidade de mostrarmos que mundo gostarÃamos que fosse sendo construÃdo e que condições achamos que podem ser mais favoráveis para essa construção, então não fará muito sentido que as desperdicemos.
Olhemos, então, para o que nos propõem as listas candidatas à freguesia de Riachos. Ninguém tem, certamente, muitas ilusões acerca das possibilidades de uma Junta poder mudar o estado de quase coma em que esta freguesia se encontra desde há anos, nem que estas eleições intercalares de dia 4 mudem radicalmente o modo de actuação da Câmara de Torres Novas. Mas também não teremos muitas dúvidas de que podemos ganhar novas forças para nos mobilizarmos enquanto comunidade e que temos aqui uma oportunidade de pensar e discutir o nosso futuro comum e de que modo lá podemos chegar.
Neste jornal apresentamos as propostas dos candidatos à Junta, pelas suas próprias palavras e pela ordem com que irão surgir no boletim de voto. Desejamos a todos uma boa leitura. E, dia 4, a melhor escolha na consciência de cada um.