o riachense

Sexta,
19 de Abril de 2024
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Anabela Cavalheiro

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Há madrugadas que ainda faltam cumprir.
 Somos os homens e as mulheres da madrugada de Abril. Somos dos que o fizeram e dos que o viram fazer. Estivemos lá nesse tempo de convulsão e salto em frente, como outros grandes que marcaram a nossa História: 1143, o 1º de Dezembro de 1640, 5 de Outubro de 1910. Na nossa história pessoal, há um antes e um depois, porque esta é a grande data da nossa época e da nossa história recente enquanto Povo.
Hoje nas nossas escolas e nas nossas comunidades esses valores são lembrados e ensinados, Alegria, Fraternidade, Igualdade, Liberdade, por isso cabe-nos também a nós todos, não só ensiná-los mas vivê-los.
Contudo é difícil pensar em Alegria quando o fantasma do desemprego espreita à janela ou entra pela porta de muitos lares - só no Entroncamento, por exemplo, há perto de 800 desempregados, um drama social que atinge milhares de pessoas. É difícil pensar em Alegria quando se conjuga na primeira pessoa o verbo diminuir - nos salários, nas deduções com a educação e a saúde, enquanto se multiplica o valor do combustível, da conta do supermercado...
É difícil pensar em Fraternidade, quando o chamado Programa de Estabilidade e Crescimento prevê a privatização de serviços desde sempre públicos, como a ferrovia e os CTT, essenciais para garantir as comunicações no conjunto do território e a igualdade de acesso nas regiões afastadas dos grandes centros.
É difícil pensar em Igualdade, quando decorre o centenário sobre o Dia Internacional da Mulher, mas as mulheres, apesar de serem mais escolarizadas, continuam a aceder menos aos postos mais altos dos quadros nas empresas e a serem discriminadas. De acordo com Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, em 2008 a remuneração média de uma mulher com escolaridade “inferior ao 1.º ciclo” correspondia a 81,2% da do homem, com o mesmo nível de ensino, e uma mulher com doutoramento recebia apenas o correspondente a 71,8% do recebido por um homem com as mesmas habilitações.
É difícil pensar em Liberdade, quando insidiosamente se procura calar as vozes mais incómodas que se atrevem a noticiar aspectos que não convém virem a público.
Contudo Abril resiste e está aqui, presente e vivo na alma de cada um para sentir a Alegria, por ver que o povo ainda sabe sair à rua quando os seus direitos são postos em causa; a Fraternidade na sociedade civil que está viva e de boa saúde: nas inúmeras associações culturais e desportivas e nos movimentos dos trabalhadores. Está viva para anonimamente se juntar e Limpar Portugal, na alegria de ver o esforço conjunto dar frutos.
A Igualdade também, no direito à participação na coisa pública e no acesso aos estudos e finalmente, a Liberdade para, enquanto povo, sermos senhores do nosso destino e responsáveis pela escolha das nossas decisões, responsáveis pelo uso que simbolicamente damos às nossas mãos como tão bem diz Manuel Alegre, o poeta que em tantas circunstâncias soube – e sabe! – interpretar as mais fundas aspirações do nosso povo
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Só posso fazer votos de que a memória não nos atraiçoe, porque há madrugadas que ainda faltam cumprir.
Viva o 25 de Abril
Actualizado em ( Quinta, 29 Abril 2010 14:07 )  
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