1 – O evento de entretenimento “Revisitar D.Manuel I aproveitou bem a história e o património para ”trazer a Torres Novas milhares de pessoas.
Desde que as festas passaram a ser do Almonda, que a praça e a muralha não eram tão povoadas durante três dias consecutivos. É verdade que a intervenção no centro histórico não pode ficar-se pela recuperação das paredes, são precisos também os pilares humanos, também assim o obriga o programa comunitário de regeneração urbana. A criação de um evento anual reconhecido pela sua qualidade e dimensão pode ajudar a contrariar o “êxodo comercial” e entusiasmar a população, que já está na expectativa das “Cortes de Torres Novas”, o tema do ano que vem.
Acrescentando as Festas do Almonda e os Encontros da Lusofonia, perguntamos: os mega-eventos (à escala) da cidade vão fortalecer as condições para a fixação de habitantes e comércio ou vamos cair numa espécie de movimentos pendulares do turismo, enquanto houver dinheiros europeus?
2 - Ao mesmo tempo que decorrem produtivos investimentos em Torres Novas, aprovam-se as contas da Junta de Freguesia, que mal chegam para roçar as ervas do passeio. O triste orçamento e a inexplicável lacuna de programas comunitários para aplicar à vila de Riachos vão prolongando as discussões do costume: porque hão-de ser os membros da Junta a limpar as valetas quando não há mais ninguém, porque é que há-de haver um repugnante cheiro podre fabril a entrar diariamente pelas janelas adentro a sul da vila, porque hão-de transbordar as fossas para as valetas e hortas que ladeiam a esburacada via da Costa Brava, porque é que ninguém conhece as obras previstas para o largo ou sequer se vão existir, porque hão-de as centenas de atletas riachenses correr junto ao escabroso esqueleto do pavilhão, porque é que a Casa da Cultura há-de ficar escondida atrás do Posto Médico enquanto o lar de idosos é instalado no centro nevrálgico da vila, quando é que o cinema Olímpia cai ou é vendido a retalho; enfim, todas as velhas histórias de um subúrbio bem localizado e deixado ao abandono, das quais todos já sabemos as respostas.
3 – Há coisas boas que ficam para a história. É incrível o recente percurso do futebol do Atlético. O caminho que levou à bi-dobradinha é irrefutável e o equilíbrio financeiro e estabilidade estrutural estão mais do que assente em dados empíricos – ao apoio dos associados juntou-se finalmente uma direcção. Não se percebe a hesitação que houve em constituir uma direcção nos melhores dois anos dos 78.
É que não há muitos clubes em tais condições neste país, em que infelizmente falar dos profissionais é o mesmo que falar dos pequenos. Investimentos malucos e remoinhos financeiros, desastres desportivos e afastamento dos apoiantes.
Mas terá sido a vitória dos 9 magníficos no Cartaxo? No dia em que uma equipa baseada em jovens da cantera foi cheia de motivação de campeões e vontade de fazer o gosto ao pé, vencer no Cartaxo, afirmando solidamente que os juniores têm de regressar. E já no próximo ano, nem que treinem nos Eucaliptos. A.L.