o riachense

Sexta,
26 de Abril de 2024
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O espantoso comprimido

 

Era suposto que a grande diferença entre a Ditadura e a Democracia fosse a vergonha dos déspotas. Mas ultimamente, nesta nossa Democracia, ela perdeu-se.
Os cursos tirados ao domingo ou os masters da treta? Não faz mal. É tudo boa gente. Os escândalos e favorecimentos? Não faz mal, é tudo boa gente. Os submarinos e as luvas? Não faz mal, é tudo boa gente. O Freeport, o Godinho, a Casa Pia? Não faz mal, é tudo boa gente. A reforma da mãezinha, as escutas destruídas? Não faz mal, é tudo boa gente.
O país encaminhado para o abismo de uma dívida incurável? Não faz mal, é tudo boa gente. Temos o gasóleo mais caro? O IVA a 23%? Os abonos a diminuírem? Não faz mal, é tudo boa gente. Vive-se no desprezo mais elementar pela Cultura? No autismo face à pobreza e encerramento de lojas, do pequeno comércio, de fábricas, face à falência de pequenos e médios empresários? Não faz mal, é tudo boa gente.
Gerimos mal no tempo das vacas gordas, e hoje desaparecem biliões, falindo bancos?
Não faz mal – nós pagamos! Somos todos gente boa!
Era suposto que um só destes casos fosse Watergate, mais que suficiente para a demissão destes artistas. E contudo em Portugal a actual Democracia comporta-se como oligarquia de eleitos em circuito fechado. Iluminados intocáveis.
A Ditadura tinha de nome Estado Novo. Agora esta Democracia tem de nome Este Estado.
Na outra altura não podíamos falar pois já sabíamos que éramos presos, torturados, sei lá que mais. Hoje não; porque é tudo boa gente.
Podemos provar que mentem, forjam diplomas, inventam motivos, perdoam dívidas, promovem amigos, afundam o país.
Podemos pôr escarrapachado nos jornais, na rádio, na televisão, onde quer que seja.
Eles no dia seguinte lá estão, vestidos impecavelmente de cinzento, elegantes, sorridentes, inaugurando, explicando os esforços da classe dirigente e a ingratidão das massas que não compreendem o seu denodo infatigável em combater a crise.
Devem tomar o mesmo comprimido da estória da diarreia que afligia o pobre paciente.
- O senhor parece muito melhor, mais satisfeito - perguntou o médico. - Sente-se melhor não é verdade?
- Eu não, Sr. Dr.! Nada mesmo! Mas aquele comprimido que o Sr. me deu faz-me um efeito fantástico! É que continuo com diarreia do piorio; só que agora já não me importo, quero lá saber!
Até quando andaremos a levar com as diarreias desta medonha, obsoleta e ridícula classe política? O assunto afinal, se calhar, pode estar mais na nossa mão do que pensamos.
Porque, ao que parece, se estamos à espera de vergonha... eles tomam todos os dias o comprimido e já nada sentem na consciência.

Pedro Barroso

 

Actualizado em ( Quinta, 24 Fevereiro 2011 14:23 )  
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