o riachense

Sexta,
26 de Abril de 2024
Tamanho do Texto
  • Increase font size
  • Default font size
  • Decrease font size

Mária Pombo

Enviar por E-mail Versão para impressão PDF


 

A preto e branco


Deito-me de barriga para cima num qualquer chão desta vila. Fecho os olhos e coloco-me numa posição confortável. Crio uma entoação – zzzzzzzzzzzzzz -  ao expirar, e é apenas nisto que penso, nesta respiração que me sai das zonas mais cansadas deste corpo pequeno.
E a mente voa. Não sei em que lugar estou agora, mas a sua envolvência permite-me pensar em mim e em como sabe bem voar sozinha, viajar por lugares fantásticos. As melhores viagens são as que são feitas de corpo e alma. E aqui não há lugar para romantismos, nem para abraços fraternos. Abraço-me a mim, com braços feitos à minha medida.
Neste lugar cruzo-me com pessoas que outrora conheci, num acaso do destino, justificado pelas amarras do tempo. Não sou saudosista, mas gosto de recordar pessoas boas e momentos importantes. Aqui não apenas os recordo, como revivo. E reavivo e reacendo e requento.
A diferença é que não há o abraço da despedida, e o que fica é apenas o sorriso da recordação e do reencontro. Os mesmos cheiros, as mesmas sensações, mas numa versão melhorada. Como um filme antigo visto em HD.
Deixo de lado a poesia das palavras, que uso com frequência para tornar mais bonito um conjunto de letras que se agrupam de forma a fazerem sentido. Fica apenas o espírito. Esse nunca morrerá.
Percorro todos os pormenores, desde a intensidade dos olhares à postura dos gestos. E reparo em coisas que nunca tinha visto. Porque reparar é parar de novo. Vulgarmente associamos a rever, que é ver de novo, o que me deixa capaz de assumir que reparar é igual a parar de novo e ver com mais atenção.
Até poderia identificar as cores, mas hoje apetece-me fazer uma viagem a preto e branco, numa espécie de carro alegórico e ao som de uma qualquer fanfarra, para enfatizar o momento. Sem a poesia nas palavras, insisto.
Hoje não sou o fogo nem a pessoa fria, que derrete nas locuções que vai rabiscando; mas também não sou o doce nem o azedo, nem o salgado. Hoje sou espectadora, e tenho o sabor de cada aroma que faz parte desta viagem. E hoje o filme tem apenas duas cores: preto e branco, e todos os “pretos claros” agremiados a estes opostos.


 

Actualizado em ( Quarta, 09 Março 2011 15:24 )  
{highslide type="img" height="200" width="300" event="click" class="" captionText="" positions="top, left" display="show" src="http://www.oriachense.pt/images/capa/capa801.jpg"}Click here {/highslide}

Opinião

 

António Mário Lopes dos Santos

Agarrem-me, senão concorro!

 

João Triguinho Lopes

Uma história de Natal

 

Raquel Carrilho

Trumpalhada Total

 

António Mário Lopes dos Santos

Orçamentos, coisas para político ver?
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária