Ontem e hoje
Gosto sempre de fugir dos temas mais falados (que normalmente são respeitantes à política), de abordar outras perspectivas de um assunto, de ir noutras direcções.
Mas não tem sido fácil…
Há uns dias fui assistir a um colóquio com o título “Imprensa e Revolução”. O foco era o 25 de Abril e o objectivo era fazer uma espécie de ponte entre o “ontem” e o “hoje”, colocando em destaque os protagonistas de alguns acontecimentos do Portugal Revolucionário, num debate direccionado para estudantes de Jornalismo mas alargado ao público em geral.
Os oradores foram Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Correia Jesuíno, José Rebelo e António Reis.
Uns mais conhecidos do público em geral, outros, menos; uns melhores comunicadores, outros, menos; mas todos com um papel fundamental, quer no desencadear dos acontecimentos, quer na difusão da informação no pós-revolução.
Alturas houve em que recordavam os tempos antigos e partilhavam memórias. Tantas que revelaram ter…
Poderia eu, neste momento, pegar em várias citações, e a partir delas, abordar temas distintos e sob perspectivas muito interessantes.
Mas hoje, porque me parece oportuno, destaco apenas um testemunho: o do Professor Jorge Correia Jesuíno, que foi Ministro da Comunicação Social no III, IV e V Governos Provisórios, Secretário de Estado da Comunicação Social em Angola, e é hoje Professor Catedrático Jubilado do ISCTE. Este senhor, que passei a admirar, disse uma coisa que para mim foi de extrema importância.
Embora tenha trazido mudanças em várias áreas da vida das pessoas, temos que perceber que a Revolução dos Cravos foi essencialmente uma revolução política. Os direitos e liberdades, em geral, mudaram, a imprensa tornou-se mais livre, ou tendencialmente mais livre, mas a política do país sim foi a principal alteração.
Fazendo a ponte entre o passado e o presente, o professor referiu que dantes os políticos, todos ou quase todos eles militares, eram executantes e hoje são executivos; dantes tinham uma missão e hoje têm um cargo.
Impressionante como quatro palavras podem alterar uma história. Qualquer palavra que, depois disto, eu possa acrescentar será supérflua.
