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António Mário Lopes dos Santos

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A Austeridade Municipal em Oito Andamentos

 


1 - As medidas de austeridade começaram aparentemente a sentir-se na autarquia do socialista António Rodrigues, já neste mês de Julho.
As festas da cidade transformaram-se, dum ano para o outro, num arraial popularucho no jardim das rosas e parque das piscinas, com a agravante de destruir a relva cuja manutenção, o ano inteiro, é paga à Vibeiras. Os arcos alugados colocados ao longo da Avenida Municipal, o programa das festas, mesmo com o espavento inútil, caro, sonoro e fumarento dum fogo-de-artifício a relembrar as (des) ilusões da mentalidade lusa, mas, especialmente, a crise económica e social que vai caindo como violento granizo sobre a população deste local do mundo ao canto da Europa chamado Portugal, não atraíram as multidões que o poder político costuma usar na publicidade -mediática das suas publicações e media concelhios às ordens, que as suas assessorias de gabinete organizam, fotografam, divulgam à custa dos contribuintes.

2 - Medidas de austeridade que se fazem sentir, pelo menos, no elo mais fraco dos orçamentos, o sector da Cultura e do Património, com cortes e não pagamentos dos subsídios às colectividades, na escassez e pouca amplitude das aquisições bibliotecárias, do zero total das arquivísticas, na dispensa do pessoal contratado não servilizado, que o poder considera supérfluo, ainda mais quando a utilização dos seus serviços ultrapassa de longe sectores biblio-administrativos repletos de funcionários que necessitam alguma imaginação para cumprimento do horário do escrupuloso funcionário público.

3 - Ainda não se atingiram os departamentos, de nomeação política, nem os de assessorias municipais, nem a redução do número e dos cargos caríssimos de cinco vereadores reformados a tempo inteiro, nem, que se saiba, as despesas de representação, com telemóveis, despesas em restaurantes, carros do município a uso, viagens um pouco à maneira do Mário Soares quando era presidente da República, sem que, partidos políticos da oposição com vereadores e/ou deputados municipais, venham dar uma conferência, ou expliquem o seu silêncio ante a ininterrupta despesa do pessoal político da autarquia.

4 - O Boletim Municipal, que a Câmara Municipal de Torres Novas me fez chegar pelos CTT, é o exemplo dum acto de propaganda dum presidente que, em 60 páginas de papel de boa qualidade, se publicita em 28 fotografias (não sei se me escapou alguma) e nos procura convencer, que, sem ele, o concelho teria regressado ao período salazarista, onde clero e fascistas andaram de mãos dadas até ao 25 de Abril, prendendo antifascistas no Aljube e em Peniche, tudo em nome da boa ordem e da sã razão de vida misericordiosa, de que, perigosamente, nos vamos reaproximando.
Claro que o boletim, publicado no período das últimas eleições legislativas, mereceu alguns protestos, que eu saiba, do PCP, não sei se do Bloco de Esquerda, mas aqueles não passaram de formalidades sem nenhum atavio. O boletim não lhes pertence? Não foi aprovado em sessão camarária? Não tem a sua revisão, o seu ponto de vista? De facto, não se visiona em tanta festa, feira, inaugurações, a estrutura do orçamento camarário, com seus capítulos, recitas e despesas, de pessoal e de capital, os preços reais das obras, após a sua conclusão, e o último parecer negativo do tribunal de Contas. Tentou-se manter, por seu intermédio, a visão idílica dum concelho em constante progresso, exemplo local do país socialista de José Sócrates.

5 -Só que os eleitores marimbaram-se nas fotografias, no panegírico e votaram maioritariamente, os que se não abstiveram, no PSD e no CDS.

6 – Não sei se António Rodrigues, após a conclusão do seu último mandato, dentro de cerca de dois anos, seguirá em Paris o seu amigo Sócrates nos estudos de filosofia, ou se optará por Cabo Verde ou Timor, por onde, nos últimos anos, sem que se saiba exactamente o que ganhou o concelho com isso, viajou incessantemente, só ou acompanhado. Quem viver, verá.
Tenho insistido com os partidos da oposição para que expliquem esta febre de Fernão Mendes Pinto que avassala a autarquia torrejana, já que a Associação de Amizade Torres Novas-Ribeira Grande nunca passou do projecto de regimento, e as relações educativas foram secando no apoio aos alunos daquele concelho ilhéu., até se transformarem num deserto de intercâmbio escolar sem sinais de vida.
O que não impediu a circulação, nem impede, que, ainda muito recentemente, a ADIRN, de que o vice-presidente da Câmara de Torres Novas é presidente, e de que faz parte a presidente da Câmara de Alcanena, tenham feito, ao que consta, uma viagem da direcção a Cabo Verde. Se for verdade, é necessário uma explicação para estes gastos dos dinheiros públicos associativos nestes intercâmbios, provenientes dos nossos impostos, dinheiros que decerto fazem falta ao desenvolvimento nacional? A solidariedade destas viagens aéreas assenta em que regras, se se esquece o país real e falido?
7 - O Arquivo Histórico Municipal foi praticamente desactivado com as medidas de austeridade, sem uma política arquivística, que trate dos espólios que aí se vão acumulando, oferecidos gratuitamente pelos cidadãos O exemplo, já por mim citado noutro artigo, da não aquisição à Biblioteca Nacional, por cerca de 800 Euros, do registo integral da imprensa concelhia do século XIX e XX, é exemplar da ignorância arrogante que campeia na gestão deste departamento. Desertifica-se de pessoal técnico especializado um espólio que é a verdadeira história autárquica deste concelho. Confunde-se arquivo morto com arquivo vivo, o que não acontece nas Câmaras que prioritariamente defendem o seu património. Do século XII às primeiras décadas do século XVIII o Arquivo Histórico Municipal sumiu-se, em terramotos, fogos, por incúria, quando não vítima das ganâncias humanas, como é previsível que tenha acontecido com as invasões francesas. O que sobreviveu, nunca foi arquivisticamente  descrito.
8 - Não há presente sem passado. O futuro é o presente, como se trata dele, hoje. Não se mate a fome com a sopa dos pobres. Já foi um caminho de centenas de anos trilhado pelas desigualdades sociais. O exemplo da austeridade começa nos gabinetes dos políticos.

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Actualizado em ( Quarta, 20 Julho 2011 16:28 )  
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