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05 de Maio de 2024
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Entrevista ao candidato torrejano do PSD à câmara

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João Sarmento é o candidato escolhido pelo PSD para encabeçar a lista à Câmara Municipal de Torres Novas nas eleições autárquicas de 11 de Outubro. Descontente com a gestão de António Rodrigues, afirma, sem rodeios, que não quer ser mais um político de promessas vãs.

João Sarmento, 43 anos, nasceu na cidade da Beira, em Moçambique. Veio para Portugal com oito. Reside em Pé de Cão, freguesia de Olaia, de onde os pais são naturais. Empresário na área da construção civil, tendo ultimamente apostado na área ambiental, numa perspectiva de salvaguarda do futuro, através de uma fábrica de produção de biodiesel e uma unidade de recolha de resíduos de construção civil, ambas no parque do Relvão, na Chamusca.

Como surgiu a hipótese de ser o cabeça de lista do PSD à câmara municipal de Torres Novas?

Quando fui convidado para entrar na política nunca pensei em ser presidente da concelhia do PSD e muito menos ser candidato à câmara. Fui convidado e resolvi aceitar o desafio, primeiro como vogal, depois como tesoureiro e, desde 2006, como presidente da comissão política de secção. As pessoas gostaram do meu trabalho e convidaram-me para estes cargos. Quando surgiu o projecto de ser líder da concelhia, nunca foi minha intenção ser candidato à câmara. O desafio era preparar a concelhia para a escolha de um candidato e fiquei surpreendido quando os membros da comissão política apresentaram o meu nome. Falei com a minha esposa, ela apoiou-me e aceitei o convite. Mas, devido à minha vida profissional, que me ocupa muito tempo, tive de reestruturar a empresa. Agora, estou a dar o melhor que sei e posso para atingir os objectivos do PSD.

Sente-se preparado, uma vez que a ligação à vida política ainda é curta, quando comparado com outros candidatos?

Não sou político, nem nunca quererei ser. Para ser igual aos outros não tinha vindo para a política. Há dias alguém escreveu num jornal que eu não tinha perfil de político. Fiquei deveras contente com essa opinião….porque não quero mesmo ser político. Quero romper com a imagem dos políticos que está instituída. Não quero ser agradável, ou fazer promessas só para ganhar votos. Quando assumi a liderança deste partido disse que quereria ser igual a mim próprio, trazendo para a política a minha forma de estar na vida, sem esquemas, truques e demagogias.

Pelo que está a dizer, conclui-se que tem uma má imagem dos políticos…

Tenho! Tenho! É necessário ser-se responsável e ter experiência de vida para tomar decisões. Não é um jovem com pouco mais de 20 anos que tem capacidade para estar na Assembleia da República, onde se discutem as leis. Sou contra jovens na Assembleia da República. Têm que lá estar pessoas com experiência e responsabilidade. A experiência é fundamental para desenvolver qualquer projecto. A teoria também é importante, mas a experiência é fundamental. Só conseguimos tomar decisões sobre determinado assunto se tivermos conhecimento de causa, para raciocinar de forma clara. A política tem que ser alterada neste aspecto para acabar com a má imagem dos políticos que não cumprem o que prometem e que decidem mal.

Partir em pé de igualdade

Qual o objectivo do PSD para as autárquicas? Manter um vereador, eleger um segundo vereador, ou ganhar a câmara?

Quando ingresso num determinado projecto, apenas prometo trabalho, empenho e humildade. Quanto ao resultado final, caberá às pessoas decidir. Sou empresário há 24 anos e quando me iniciei já existiam muitas empresas, outras surgiram e infelizmente muitas já fecharam, enquanto a minha continua a laborar. Mas nunca poderia encarar este desafio pensando que estaria derrotado à partida. Prometo trabalho e vou apresentar o meu projecto e as minhas ideias junto das pessoas. Depois, elas decidirão.

Quais são as linhas mestras do seu programa eleitoral?

Educação, dinamização empresarial e ambiente. Não se consegue ter um concelho com futuro se não tivermos pessoas bem formadas. Por sua vez, se as empresas não estiverem economicamente estáveis também não há emprego. A economia funciona paralelamente a uma boa formação das pessoas. Quanto ao ambiente, a solução para o problema do saneamento básico é muito mais simples do que se fala. Com a experiência que tenho, sei do que estou a falar.

Como por exemplo?

Um dos maiores focos de poluição do rio Almonda é a Etar de Torres novas, que está completamente desajustada e o actual executivo camarário tem demonstrado falta de interesse para minimizar o problema. Bastavam arejadores, decantadores e alguns produtos químicos. Por outro lado, todas as unidades industriais do concelho deveriam ser obrigadas a possuir uma pequena Etar para que todos os esgotos descarregados na rede já tivessem parâmetros apropriados.

E isso seria exequível, tendo em conta a dificuldade económica de muitas empresas?

Com o apoio da câmara sim. Uma coisa é comprar uma estação de tratamento e outra é comprar 20 ou 30 compactas. Logo aí existiria uma redução de custos de 20 ou 30 por cento. As empresas terão que se adaptar às novas exigências ambientais. Falo de investimento de poucos milhares de euros, sem pôr em causa a saúde financeira das empresas. E dou-lhe um exemplo: a Etar de Riachos recebe esgotos de 50 fábricas diferentes, tendo de tratar os mesmos 50 resíduos diferentes. Se os esgotos forem tratados logo à saída das fábricas, a ETAR principal só iria receber águas residuais, já tratadas e todas idênticas, implicando uma redução de custos.

Acredita que é possível ter saneamento básico em todo o concelho?

Há municípios que têm saneamento a 100 por cento. Mais, é obrigatório e será uma das prioridades do PSD, ou seja, concluir o que foi iniciado há mais de 20 anos.

Falou da educação, mas não aprofundou o assunto…

O PSD vai apresentar uma proposta para que as empresas levem técnicos às escolas, porque quem tem experiência poderá ser uma mais valia na formação dos alunos e, por outro lado, pretendemos que as empresas recebam alunos para estágios. Não basta construir centros escolares, pois se não se criarem condições para que as pessoas se fixem nas aldeias, estarão a nascer vários elefantes brancos. É preciso emprego e a conclusão do PDM (Plano Director Municipal) para que as pessoas se fixem nas aldeias

A dinamização empresarial é outro dos objectivos do PSD. O que pode ser feito nesse sentido?

É preciso transportar para a câmara aquilo que faço na minha empresa. Quem apenas pensa no mercado interno não tem hipótese. E passo a explicar: para sermos competitivos não podemos criar projectos só para Torres Novas. Não é com políticos que criam frisson com os vizinhos por causa de situações caricatas, que conseguimos ultrapassar os problemas.

Defende então mais projectos intermunicipais?

Sim, só assim poderemos ser competitivos. Porque não se cria um centro de negócios a nível regional, onde as empresas, em vez de irem cada uma por sua conta comprar mercadoria, iria apenas uma empresa comprar para dez? Em vez de se deslocarem dez carrinhas, seria necessário apenas uma camioneta.

Entende que uma câmara pode ser gerida como uma empresa?

Se antigamente existiam dúvidas, agora já não… Para não se hipotecar o futuro, as câmaras devem ser geridas quase como uma empresa. E digo quase, porque as autarquias têm muito mais benefícios fiscais. Uma câmara tem que ser gerida com a atenção e responsabilidade de uma empresa.

Rodrigues esqueceu as aldeias

Pelo que já foi dito, depreendo que não está muito contente com a gestão de António Rodrigues…

Se o balanço fosse positivo, não me estava a candidatar. É bastante visível que o actual executivo só apostou na cidade e esqueceu as aldeias. E é pura mentira que só tenha existido financiamento para os equipamentos que foram construídos na cidade. Muitos projectos poderiam ter sido implementados também nas freguesias rurais e o executivo perdeu o comboio de programas como o LEADER ou o PRODER. Apenas foram feitas obras de betão na cidade. É preciso maior equilíbrio e pensar o futuro. O actual executivo hipotecou os anos vindouros, basta ver a dívida. Fala-se em 30 milhões, mas o valor deverá ser superior. Tudo terá que ser pago e pergunto o que é que este executivo tem planeado para angariar verbas? Temos o caso do Entroncamento que baixou taxas de construção, o preço das habitações desceu, as vendas aumentaram e dentro de dois ou três anos, a receita de IMI (Imposto Municipal de Imóveis) vai aumentar. Isso é que é uma visão de futuro. Esta câmara apenas gastou nos últimos 16 anos, não investiu um cêntimo. Pretendo inverter essa situação, fazendo investimento com retorno. Nunca gastaria 800 mil euros no orçamento anual do Teatro Virgínia e daria apenas 250 euros por ano a um rancho folclórico ou a uma banda filarmónica. São valores muito díspares. A nossa cultura e valores estão nos ranchos e bandas. Isso é que é urgente preservar e salvaguardar. Não estou contra o Palácio dos Desportos ou as piscinas, mas sim contra a forma como foram planeados. Uma família de quatro pessoas que pratique quatro desportos diferentes, precisa de quatro carros para se deslocar. Uma vez que tudo foi feito de novo, todos os equipamentos desportivos deveriam estar concentrados no mesmo local, como sucede em Rio Maior ou no Entroncamento. Em Torres Novas temos uma salada russa.

O PSD concorre em todas as freguesias. Quais são os objectivos?

Quando comparo as nossas equipas com as outras listas, digo que quero ganhar em todas as freguesias. Olhando para o potencial das nossas listas, tenho a legítima aspiração de ganhar em todas.

A luta interna no PSD local, com a retirada da confiança política ao vereador Nuno Santos, fragilizou o partido?

A melhor resposta foi dada na inauguração da sede de campanha, onde estiveram mais de 50 pessoas, o que quer dizer que o partido está unido. Sobre Nuno Santos, quero dizer que nutro grande amizade por ele, mas não confundo amizade com trabalho. Primeiro estão os interesses do PSD e só depois os interesses individuais. Não obtivemos feedback das reuniões de câmara e tomamos uma posição para não sermos acusados de não fazermos oposição.

Nuno Santos foi uma boa escolha há quatro anos?

Até determinada altura trabalhou muito bem, mas depois pareceu-me desmotivado, o que terá prejudicado o seu desempenho. Todos nós poderemos cair e a diferença está na forma como nos levantamos. O Nuno Santos tem tudo para dar a volta por cima e para demonstrar que ultrapassou uma fase menos boa a nível político.

Fiel ao PSD

O candidato à câmara municipal de Torres Novas fez parte da JSD, nos tempos de estudante em Tomar, por influência de um amigo. Em 2002, entrou para a vida política, altura em que se filiou no PSD. Nas últimas eleições autárquicas, em 2005, foi eleito para a Junta de Freguesia de Olaia pelo Partido Social Democrata, onde exerce o cargo de secretário, numa autarquia liderada pelo PS. João Sarmento é presidente da comissão política de Torres Novas desde 2006 e aceitou o repto para ser cabeça de lista à Câmara pelo PSD.

Sarmento é quem diz:

“Para não se hipotecar o futuro, as câmaras devem ser geridas quase como uma empresa”

“Não basta construir centros escolares, se não se criarem condições para que as pessoas se fixem nas aldeias, estarão a nascer vários elefantes brancos”

“É pura mentira que só tenha existido financiamento para os equipamentos que foram construídos na cidade”

Entrevista de Nuno Matos

 

Actualizado em ( Quarta, 21 Outubro 2009 14:07 )  
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