o riachense

Sábado,
27 de Abril de 2024
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Mária Pombo

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O branco que lhe dá vida

 


Não vê nada. Não vê ninguém. Vê branco, encandeia-se com branco. Caminha. Não é menina, não é mulher. Mas é alguém. Caminha mais um pouco.
Tudo à sua volta é branco, de um branco que não entristece, que não magoa. Branco suave, radioso. É um branco que não fere.
Não vê ninguém. Continua a caminhar. Por esse branco de aurora, que nasce sem agitação. Vai conhecendo o caminho, mesmo sem saber se pisa folhas secas.
Não vê ninguém, não ouve ninguém. Mas sabe que alguém anda também. Sabe que há várias tonalidades de branco, várias tonalidades de preto, várias tonalidades entre o branco e o preto.
Não quer falar. Não precisa de falar. Deixa o branco luminoso entrar naqueles poros pequenos e imperfeitos. É alguém. Sente o calor de alguém. Alguém que não fala, que não precisa de falar. Que não está de branco nem vê branco, pelo menos no mesmo tom. Mas ainda assim alguém. Que conhece. Identifica o rosto, faz um esboço do seu corpo.
E continua.
Porque não é pela cor dos olhos que alguém tem mais valor. Porque não é pela textura da pele que alguém tem mais importância. Porque não é pelo tom de voz que alguém tem mais riqueza. Porque a energia basta e é pela energia que se regem os animais, numa luta feroz. É pela energia que se rege o mundo e foi a partir desta que se formou.
Não há palavras, não há sílabas. Há energia. Há tonalidades de energia. E são essas que os olhos mais importantes, mais irracionais e mais delicados alcançam. São os tons da energia que fazem os vencedores de uma guerra, os heróis de um povo.
Os olhos estão brilhantes. Um brilhante de magia. Um branco mágico. É no branco que cresce porque é o branco que a povoa. Hoje.
E segue. Esquerda, direita, trás, frente. Nem sempre é firme. Não precisa. Por vezes tem de voltar atrás. Que volte! Não se inquieta.
Respira. Confia no tempo. Deixa-se enfeitiçar pela beleza das horas, que guardam o sol ora aqui, ora acolá. Dá mais uns passos.
Hoje está de branco. Apenas porque foi o branco que lhe calhou. Calhou-lhe o branco das boas energias.
Hoje. Amanhã não saberemos. Se for preto será preto. E não será menos bela por isso. Até que chegue mesmo o amanhã, caminhará no branco que hoje lhe dá vida.



 

 
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