o riachense

Quinta,
28 de Maro de 2024
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Luís Pereira

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Chegada a Selibaby

 

Um riachense no Mali

Finalmente chegou o dia da viagem para Selibaby. O Rodrigo vai na “pick-up” com o Hamady e eu vou no jipe com o Houari e o Sy. Saímos pelas 10h30m, depois de o Fernando ter reparado três furos na roda esquerda dianteira do jipe. O Rodrigo tinha saído pelas 9h. A viagem correu bem pela estrada asfaltada, a velocidade era boa. Vi hoje muita água, fruto dos aguaceiros dos últimos dias. Quando após Boghé, começamos a afastar-nos do Rio Senegal, a paisagem começa a mudar, cada vez tem um ar mais árido, vemos os primeiros camelos e as primeiras dunas de areia. Junto a Aleg, há uma lagoa, onde vimos um lagarto varano.
Apanhamos o Rodrigo em Maghta Lajar, reabastecemos e paramos ao fim de meia dúzia de quilómetros, para comer.
A carrinha do Rodrigo não tem força, está muito carregada e só anda a 80 km/h, reduzimos também a nossa velocidade para irmos juntos. Começamos a ver montanhas, no sopé, um oásis e as primeiras palmeiras que vemos na Mauritânia. Subimos as montanhas, a paisagem é muito bonita. Quando chegamos a Kiffa, já andámos mais de 550 km, acabou o asfalto. Perguntamos a direcção para Selibaby, o que dá origem a muita discussão, na altura não percebi porquê. Partimos de Kiffa, passámos a uma pista tipo Dakar, com os rodados de muitos carros. Ao fim de 20 minutos, cruzámo-nos com um carro, cujo condutor nos disse que íamos na direcção errada, ele prontificou-se para nos colocar no caminho. Voltámos a Kiffa, e desta vez partimos bem. A estrada estava em muito mau estado, após uns quilómetros desapareceu de vez…
Começou a aventura. Íamos uns quilómetros à frente do Rodrigo, a pista por vezes dividia-se em muitas e tínhamos que saber qual era a nossa. Já anoitecia quando perguntámos a uma senhora se estávamos no caminho certo, Não! Foi a resposta. Recuámos à aldeia anterior e recuperámos a pista. Já noite fechada, vemos várias viaturas paradas e muita gente, estavam em apuros e pediam-nos para os tirar da lama. Acedemos de imediato e quase de imediato ficámos lá também. O jipe assentou no solo e não havia hipóteses de o tirar. Foi necessária uma pá, para tirar o jipe do atoleiro, o Rodrigo já tinha chegado. Iam chegando mais viaturas, ao perceberem que éramos europeus, começaram os risinhos e as “bocas”, que aquelas pistas não eram para nós, apenas para mauritanos experimentados. Explicámos uma e outra vez que os mauritanos experimentados é que ficaram atolados, os europeus só lá ficaram porque se armaram em bons samaritanos e tentaram ajudar. Partimos desta vez com a viatura que socorremos a servir-nos de guia. A zona parecia bonita, mas era de noite e os olhos tinham que estar na pista a 100% ou podia ser perigoso. Os animais utilizam a pista para dormir, quando encontramos uma manada de vacas é complicado tirá-las do caminho e o pior é que depois perdemos a pista. Como as boas acções são recompensadas, durante cerca de 100 km só tivemos que os seguir, infelizmente disseram-nos que estavam cansados e iriam ficar num acampamento. Seguimos mais uma vez por nossa conta.
São quase três da manhã quando chegamos a Selibaby, Temos direito a um jantar quente e um banho.
Acabáramos de fazer uma viajem de mais de 700 km, durante a época das chuvas, sem GPS, sem guia, sem estrada, em pouco mais de 16 horas.

 
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