Nos 50 anos da sua morte, Humberto Delgado foi lembrado no Boquilobo

Segunda, 23 Fevereiro 2015 18:09 André Lopes Mais notícias
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No dia em que passaram os 50 anos da morte do general Humberto Delgado, sexta-feira, dia 13 de Fevereiro, a Casa Memorial Humberto Delgado (CMHD) abriu-se para receber uma cerimónia evocativa da efeméride, promovida pela Associação para a Defesa do Património Histórico e Natural da Região de Riachos (ADPHNRR), a União de freguesias de Brogueira, Parceiros e Alcorochel e a Câmara Municipal de Torres Novas.
 
Ao Boquilobo compareceram cerca de três dezenas de pessoas, maioritariamente ligadas à política local, alguns populares e vários artistas, nomeadamente aqueles ligados ao Museu Agrícola. A ocasião acabou por ter dois momentos. Uma primeira ideia ficou das abordagens, ainda que curtas, do estado de inactividade a que chegou a CMHD, fechada desde 2011. Depois foi a evocação da figura do General Sem Medo, nascido nesta localidade da antiga freguesia da Brogueira.
 
O presidente da Junta da União de Freguesias, Manuel Júnior, lamentou a frustração das expectativas criadas pela fusão da Associação da Casa Memorial com a Associação do Património de Riachos (da qual resultou a ADPHNRR), em grande parte por causa da falta de verbas. Tentar encontrar meios para dar vida à Casa foi, aliás, o principal objectivo deste encontro das duas associações em 2009, dada a constatação de a Câmara não assumir a responsabilidade da dinamização do espaço. O autarca deixou o apelo directo à Câmara para que patrocine a Casa, permitindo de alguma forma a presença de uma pessoa para a abrir diariamente. Neste momento só é visitável através de marcação no Museu Agrícola de Riachos, com visitas guiadas por Abel Resina de Sousa, o último presidente da Junta de Brogueira e figura central no processo de aquisição e recuperação da casa que é propriedade da freguesia e foi inaugurada em 1996.
 
Carlos Trincão Marques, o presidente da ADPHNRR, enalteceu o trabalho do Museu com o antigo agrupamento de escolas Humberto Delgado, recentemente integrado no agrupamento Artur Gonçalves, que muitas vezes passa por actividades relacionadas com o histórico adversário de Oliveira Salazar.
 
Com Pedro Ferreira numa cerimónia com o mesmo fim em Lisboa, coube a Luís Silva fazer uma intervenção, em que falou da vida do general que foi assassinado por uma brigada da PIDE em 1965, após ter protagonizado o momento em que o regime de Salazar mais tremeu, as eleições presidenciais de 1958.
 
Sentado à secretária onde o fundador da TAP realizou reuniões fulcrais para o nascimento da transportadora aérea nacional, doada à CMHD, Pedro Barroso disse o poema “Sem medo”, o último tema do seu último disco, “Palavras ao Vento”. Manuel Carvalho Simões também leu poemas originais sobre o general e Teresa Gonçalves, Maria da Luz Santos, Conceição Lopes e o cantor José Luís Serra, artistas do NAR, também fizeram as suas intervenções.
 
No mesmo dia, o Cinema São Jorge, em Lisboa, acolheu uma cerimónia organizada pela Câmara Municipal de Lisboa, onde Iva Delgado, a filha do General, lançou o seu novo livro de memórias “Meu pai, o General Sem Medo”.
 
Num momento em que o Governo prepara a privatização da TAP, foi levantada recentemente pela Câmara de Lisboa a proposta de atribuição do nome de Humberto Delgado ao Aeroporto da Portela, uma proposta que ganhou força após vários deputados de todos os partidos presentes no Parlamento terem demonstrado o seu apoio.

Actualizado em ( Segunda, 23 Fevereiro 2015 18:11 )