No centro da cidade para dissipar estigmas

Quarta, 06 Abril 2011 15:10 Mais notícias
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Fórum Sócio-Ocupacional do CRIT


Se tudo decorrer conforme o previsto, o CRIT inaugura no início do próximo ano uma nova valência: o Fórum Sócio-Ocupacional. Este equipamento vai funcionar no edifício Tarambola, na rua Alexandre Herculano, bem no centro da cidade e tem um investimento previsto de 600 mil euros. O projecto é fruto de uma candidatura aprovada para a regeneração urbana do centro histórico de Torres Novas, com uma comparticipação comunitária de 80%. Pedro Ferreira, 59 anos, presidente do CRIT, diz que com este equipamento ganhará a cidade, o concelho e o país.

 Quem são os destinatários desta valência?

Destina-se a pessoas com doença mental estabilizada (depressões graves e esquizofrenias).

Pode receber quantos utentes?
A lotação estabelecida pela Segurança Social é de 25, porém convém elucidar que se trata de uma valência muito específica, onde o objectivo principal será, sempre que possível, inserir no meio social os utentes que a frequentam, pelo que a lotação de 25 poderá na prática não corresponder sempre aos mesmos utentes.

O que lá vai ser feito?
A partir de uma parceria indispensável entre o sector da saúde (ACES e Unidade de Psiquiatria do Centro Hospitalar do Médio Tejo), os casos que forem indicados para esta unidade sócio-ocupacional, os utentes estarão ocupados entre as 9h30 e as 17 horas com actividades diversas consoante as características de cada doente, que passarão pela animação cultural a muitas outras actividades que promovam a integração social, ajudem o meio familiar do doente e que nos casos possíveis facilitem a sua reintegração no meio laboral. Certamente este trabalho e a visibilidade do Fórum irão contribuir para a própria sociedade torrejana dissipar o estigma que ainda existe na sociedade portuguesa quanto aos doentes mentais.

Irá gerar emprego para quantas pessoas?
Apesar da instituição CRIT já possuir muitos técnicos e que alguns possam vir também estender a sua acção a esta futura valência, certamente teremos que contratar mais alguns, obviamente ligados à área da saúde e a esta actividade, pelo que entre monitores, auxiliares e técnicos especializados, rondarão as oito pessoas na primeira fase.

Esta nova valência vai enriquecer o CRIT em que sentido?
O CRIT no campo da reabilitação de pessoas com deficiência e sobretudo mental, já tem 32 anos de experiência, boas respostas em termos de recursos humanos e equipamentos, sendo uma grande referência nacional neste sector. No campo da doença mental, foi um desafio que nos surgiu por só existir um fórum no distrito apenas para 10 utentes e entendemos que será uma área que irá complementar o que já fazemos bem ao nível da deficiência mental.

O que é que a cidade e o concelho ganham com este equipamento?
Ganhará a cidade, o concelho e o país. Falamos de uma valência que no distrito só existe uma em Santarém apenas para 10 utentes e no resto do país poucas existem. Os nossos doentes mentais terem um apoio desta natureza "à porta" e sem fins lucrativos, está tudo dito.

Qual o valor do investimento?
Cerca de seiscentos mil euros comparticipado a fundo perdido.

Qual o valor e a verba que cabe ao CRIT?
A comparticipação oficial será de 80%, cabendo ao CRIT suportar 20%. O CRIT desde o seu início que, dentro das limitações financeiras, foi sempre criando alguma reserva para situações que pudessem ocorrer em bons ou maus momentos. Pareceu-nos que este era um bom momento para utilizar essa reserva.

A comparticipação inclui equipamento, mobiliário, etc?
Sim. A comparticipação aplicar-se-á ao valor do imóvel, às obras de recuperação e ao mobiliário e equipamento.

Não será um investimento demasiado arriscado em tempos de crise?
O CRIT entendeu como melhor opção em tempo de crise, não perder uma oportunidade, direi única, de aproveitar uma ajuda de 80% do investimento. A quota-parte que compete ao CRIT se estivesse parada no banco à espera de "melhores dias", não curaria a crise e veríamos eventualmente esse valor a desvalorizar. Com a opção do investimento o CRIT ganhou património, ajudou a recuperar um velho edifício na zona histórica e que irá gerar movimento, vida e certamente mais valias para o CRIT no futuro.

Quais são os parceiros no projecto?
Contamos vir a concretizar um acordo atípico com a Segurança Social e estabelecer protocolos com o ACES-Agrupamento dos Centros de Saúde da Serra d'Aire e Candeeiros e com o Centro Hospitalar do Médio Tejo. De igual modo estaremos abertos a mecenas que queiram acompanhar-nos neste percurso tão interessante quanto solidário.

 

A grande obra de todos os torrejanos

O CRIT foi criado em 1977 e um ano depois contava já com cerca de 2.000 sócios. Actualmente engloba múltiplos projectos de índole social e alargando o seu âmbito de acção aos concelhos de Alcanena, Golegã Chamusca, Entroncamento e Ourém. O espírito continua o mesmo: solidariamente e sem qualquer intuito lucrativo, procurar sempre melhorar a qualidade de vida dos que necessitam.
Tem as seguintes valências: Educacional, CRI-Centro de Recursos Para a Inclusão, Centro de Actividades Ocupacionais, Formação Profissional, Lar Residencial, Centro de Ocupação Juvenil, ROSTO, Empresa de Inserção, Centro de Recursos, para lá de consultas externas de fisio e hidroterapia, desporto federado (BOCCIA), entre outras.
“É um mundo que nos entusiasma e que obviamente nos preocupa face à crise que estamos a viver. No entretanto, estará em vias de chegar de Bruxelas a Certificação de Qualidade "EQUASS" para todas as Valências. O CRIT será a primeira Instituição de acção social do nosso concelho com tal certificação. Este importante passo, este título conquistado e de enorme responsabilidade para o conseguirmos manter, certamente contará em futuras análises de candidaturas ao nível estatal ou privado”, explica Pedro Ferreira.
O CRIT tem 110 funcionários e cerca de 600 utentes, contando com os internos, semi-internos, alunos da natação e consultas externas. “Se falarmos do Centro Comunitário ROSTO, poderei afirmar que no global apoia de forma directa e indirecta cerca de 500 famílias”, acrescenta o presidente CRIT desde 1977, com uma interrupção de um mandato.
“Juntamente com uma equipa de "ouro"que tinha "corações de diamante" e com a população de todo o concelho, conseguimos criar esta obra”, recorda Pedro Ferreira, para salientar o papel daqueles que o têm acompanhado: “Nunca conseguiria que o CRIT se desenvolvesse tanto sozinho. Tenho sido eu a dar a cara publicamente, mas tenho tido ao longo dos anos companheiros de direcção e colaboradores espectaculares. Humildes, honestos e solidários por quem tenho uma admiração excepcional e a quem agradeço terem-me ajudado a concretizar este sonho. Os "homens passam e as obras ficam". E esta obra CRIT ficará para sempre como uma grande obra de todos os torrejanos”.

Actualizado em ( Quarta, 06 Abril 2011 15:23 )