Ana Isabel Santos

André Lopes Opinião
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2014, vê se atinas!

O ano leva poucos dias. Arrancou com o sentimento de esperança renovado. Com a certeza de que este há-de ser ‘um ano melhor ou pelo menos, igual’. E cheio das já habituais resoluções (algumas de última hora) e que só se cumprem durante duas ou três semanas. Em suma: o meu ano de 2014 começou assim. 

Este compasso durou pouco menos de três semanas. A esperança num ano e num Mundo melhor levou um tremendo murro no estômago. E fiquei (uma vez mais e para não destoar de 2013) desiludida com o meu país.

Somos um povo de ‘brandos costumes’. Pacatos, diria. Resignados (o que pode nem ser mau de todo mas que em excesso só nos manda para a ‘cauda da Europa’). Descobri que afinal não somos pelo amor. Somos pelo preconceito. E, quis-me parecer, que somos pelas crianças institucionalizadas. Ao invés de lutarmos por crianças felizes e socialmente integradas numa família adoptiva. Seja ela composta por casais heterossexuais. Ou por casais do mesmo sexo.

A proposta de referendo do PSD sobre a co-adopção e adopção por casais do mesmo sexo foi aprovada, na última semana, com 103 votos a favor do PSD, a abstenção do CDS e os votos contra do PS, PCP e BE. 

A proposta levada a votação foi subscrita por oito deputados da JSD. Oito jovens políticos. Pequenos na idade mas gigantes na estupidez. Que me levam a acreditar que foram educados e criados em famílias dotadas de poucos valores como a fraca tolerância. 

O que choca. O que me choca. É perceber que são o futuro. E que, à semelhança do seu ‘brilhante’ líder laranja – um acérrimo ‘jota’, desprovido de carisma ou brilhantismo e que sempre viveu à sombra do aparelho partidário – poderão, um dia, tornar-se primeiro-ministro ou ministros deste país. 

Na minha opinião, os casais do mesmo sexo são perfeitamente capazes de educar uma criança. O amor está lá. A vontade de serem pais, também. E não há motivos para que desempenhem o papel de pai ou de mãe de pior forma, quando comparados com os casais heterossexuais. Quantas são as histórias que conhecemos, de casos, em que as crianças foram criadas e educadas pelos avós? Ou por uma mãe e por uma avó? Ou só pelo pai? A estrutura, dita convencional, de família, sofreu um forte rombo nas últimas décadas. E o fenómeno da proliferação de famílias monoparentais, por exemplo, é um dos sinais dos tempos. Temos crianças menos felizes? Menos capazes? Menos inteligentes? Não, não temos. Educar uma criança é um acto de amor. E o amor não está vinculado ao género ou às orientações sexuais dos indivíduos. 

A criança tem o direito a ter uma família e não deverá ser com base na orientação sexual de quem a quer adoptar que se aceita ou se recusa um processo de adopção. Está em causa a igualdade de todos perante a lei. E a sociedade portuguesa terá de se abrir aos novos modelos de família e terá de colocar sempre em primeiro, os superiores interesses da criança. 

Temos, ao que parece, um longo caminho a percorrer. 

A propósito desta questão, encontrei há dias, nas redes sociais uma frase que me pareceu interessante e bem elucidativa do que aqui está em causa: You know who had straight parents? Adolf Hitler. A tradução é qualquer coisa como: ‘Sabe quem é que teve pais heterossexuais? Adolf Hitler.’ E o resultado, como todos bem sabemos, foi catastrófico.

Votos de um Feliz 2014!

Actualizado em ( Quarta, 22 Janeiro 2014 15:40 )