José Trincão Marques

Quinta, 19 Junho 2014 17:01 André Lopes Opinião
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Credibilidade e esperança 

Os resultados das últimas eleições europeias infligiram à coligação PSD/CDS que suporta o Governo uma derrota inequívoca, tendo estes dois partidos em conjunto menos 12,37% dos votos que obtiveram no mesmo acto eleitoral em 2009.

Os portugueses puniram severamente o Governo e as suas políticas irresponsáveis de empobrecimento generalizado, de ataque à classe média e de destruição do serviço nacional de saúde, da escola pública e da segurança social.

Em contrapartida, o Partido Socialista ganhou as eleições europeias alcançando 31,46% dos votos, apenas mais 3,75% que a votação da coligação de direita e mais 4,88% do que tinha tido nas europeias de 2009.

Ou seja, o PS não foi capaz de captar a maioria dos votos perdidos na hecatombe da coligação PSD/CDS. Mais, o PS perante uma crise económica e social sem paralelo em Portugal há várias décadas não conseguiu atrair nem mobilizar a maioria dos cidadãos que se abstiveram (neste acto eleitoral atingiram 66,16%), nem a grande quantidade que se deslocaram às urnas e votaram nulo ou branco (agora 7,47% dos votantes).

Estes resultados eleitorais deixaram o país num impasse e num bloqueio político que urge superar rapidamente, em defesa do interesse nacional.

O descrédito dos cidadãos nas instituições democráticas e nos agentes políticos é cada vez mais evidente, o que coloca sérios problemas à sobrevivência da própria democracia.

O PS tem todas as condições para se reforçar e para liderar de forma inequívoca a mudança política de que o país precisa e que os portugueses querem, com um Governo forte, capaz de defender os interesses nacionais na Europa, de promover o diálogo político, de mobilizar e envolver os cidadãos, de travar o retrocesso social, com uma nova visão estratégica nacional.

Portugal precisa de um PS forte, liderante, mobilizador, agregador, credível e que lhe devolva a esperança.

A disponibilidade de António Costa para se candidatar ao cargo de Secretário-geral do Partido Socialista é um acto corajoso e necessário para fortalecer o PS e mobilizar Portugal.

A gravidade da situação política e económica nacional exige urgência na solução da liderança do PS. 

Não devem ser questões formais, processuais ou estatutárias, de duvidosa sustentação jurídica, a travar uma urgente discussão democrática, aberta e franca sobre a liderança do Partido Socialista.

O bom senso e o sentido democrático devem prevalecer sempre na interpretação de qualquer norma jurídica estatutária ou processual.

Portugal está à espera do PS. Portugal precisa de credibilidade e de esperança.