José Trincão Marques

Quarta, 11 Março 2015 17:01 Opinião
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Uma estratégia para Torres Novas

As profundas transformações sócio-económicas ocorridas nos últimos anos no concelho de Torres Novas impõem a necessidade de pensar o seu futuro a médio e longo prazo, de definir uma direcção e traçar um caminho, de encontrar princípios estruturantes e de estabelecer objectivos de desenvolvimento. Numa palavra, de construir uma estratégia. De reflectir para além do superficial e monótono quotidiano, das alianças conjunturais, das manobras propagandísticas, do bota-abaixo reiterado, dos unanimismos fúteis e da espuma dos dias.

Na definição de uma estratégia para o concelho de Torres Novas, identifico resumidamente cinco objectivos basilares:

1- Torres Novas deve desenvolver a sua capacidade polarizadora de agregação, cooperação e associação nos mais variados domínios com os concelhos limítrofes, nomeadamente Alcanena, Entroncamento, Barquinha e Golegã, aproveitando não apenas a proximidade territorial, mas também os laços históricos, afectivos e sociais existentes entre si, de forma a favorecer a criação de um potencial de massa crítica e de um peso político-económico importante com escala a nível regional.

2- Torres Novas tem de aproveitar todas as vantagens que lhe dão a sua centralidade geográfica e as excelentes acessibilidades rodoviárias e ferroviárias. A centralidade e as acessibilidades constituem uma inegável vantagem comparativa relativamente a outros concelhos da região e do País, que podem incentivar a fixação de novas empresas e residências e a criação de emprego. 

3- Torres Novas deve fomentar o desenvolvimento público e privado do sector dos serviços, nomeadamente nas áreas da educação, da saúde, das comunicações e das novas tecnologias, permitindo a criação de empregos qualificados e criadores de riqueza, de uma classe média forte e dinâmica, atraindo a fixação de residência de trabalhadores de outras origens e incentivando a permanência no concelho de quadros locais. O último pico de desenvolvimento que Torres Novas teve, comparativamente com os concelhos da sua região, deveu-se em grande medida à existência de importantes e qualificados serviços, que foram verdadeiras âncoras e referências regionais, na educação, na saúde e nas comunicações. A existência de uma classe média próspera e desenvolvida é um factor multiplicador de dinamismo económico, social e cultural.

4- O concelho de Torres Novas deve aproveitar sustentavelmente todos os recursos naturais privilegiados que possui, nomeadamente os integrados no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e na Reserva Natural do Paúl do Boquilobo. Estes valiosos recursos naturais têm potencialidades que podem ser exploradas simultaneamente por vários sectores económicos, como o turismo, o comércio e a agricultura. A agricultura praticada de forma sustentável é um importante factor de preservação e valorização ambiental que deve ser estimulado e desenvolvido.

5- Por último, Torres Novas deve ter uma marca identificativa e distintiva que a caracterize e evidencie. Se repararmos, quase todos os concelhos vizinhos possuem essa marca identificativa. Em Alcanena a indústria dos curtumes, na Golegã a agricultura e o cavalo, no Entroncamento a ferrovia, na Barquinha o Tejo e a zona ribeirinha. A marca identificativa de Torres Novas deve ter um valor e uma existência sólida, actual e real do ponto de vista económico e cultural. A concretização dos quatro objectivos anteriores poderá ajudar a definir os contornos desta marca identificativa e distintiva de Torres Novas.

Actualizado em ( Segunda, 16 Março 2015 12:00 )